Viver

Carol: "Essa coisa da música se resume a isso: é uma troca de dor"

2 jul 2018 00:00

A voz da bossanova que chega da Marinha Grande estreou-se ao vivo no festival A Porta.

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Há quatro anos, seria impossível escrever este texto. Há quatro anos, Carol estava em Fortaleza, no Brasil brasileiro, em vez de sentada na esplanada do Sport Operário, na Marinha Grande. Hoje é possível. Tudo parece possível na doçura bossanova dos 20 anos de Carollyne Barreira, que acaba de se apresentar em concerto pela primeira vez, no contexto do festival A Porta. Estreia entre quatro paredes, para um público restrito, durante o jantar temático francês, no momento em que surgem as primeiras canções com assinatura na plataforma digital Soundcloud. No mundo sem fronteiras da internet, o mundo inteiro já pode ouvir Nosso Carnaval e Choro do Lamento. Só voz e violão, para "fazer da dor uma coisa bonita".

Ouvir Choro do Lamento

Este Brasil acontece na Marinha Grande, onde Carol mora com a família. Dá para imaginar o choque, entre o Ceará tropical e a cidade indústria. Em Nosso Carnaval, ela canta a distância entre dois mundos. "Você me levou aliviado, por onde nunca foi apaixonado, e o sentimento que passou foi perdoado". E depois, como quem insiste na mesma órbita celestial: "Passou o carnaval desse serrado, com tudo o que sobrou do teu reinado. Saí, te vi ali, deitado. Me diz, amor. Eu vou te ver de novo? Eu vou ser de novo? Eu vou crer de novo no amor?". Com os acordes de Choro do Lamento, regressa a saudade, mas também a esperança, de um novo dia. "E você vai se acostumar, a todo o samba. E vai querer ficar, amenizar, para quê se lamentar? É domingo e eu vou te chamar, vou colocar nosso João p'ra tocar, e esperar, você aqui chegar".

Ouvir Nosso Carnaval

Carol vem da poesia para o som e quer "que a letra seja o ferro que estrutura tudo". Na esplanada do Sport Operário – está aquele calor equador num dia que começa com chuvada grossa – há uma verdade a que empresta a voz. É o acumular "de sentimentos e de etapas", um elo, um momento de empatia. "A gente junta tudo e joga para fora de uma forma musical bonita. Eu queria muito pegar na dor e fazer da dor uma coisa bonita". Porque "as pessoas se unem mais, têm um espírito mais de fraternidade, quando elas identificam que também a outra pessoa está sofrendo". Então, conclui, "essa coisa da música se resume a isso: é uma troca de dor". Sem máscaras, só coragem. "É o que eu tenho mais medo de me tornar, uma coisa que não é transparen

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