Desporto

Aves rapinam sonho do Caldas

19 abr 2018 00:00

Equipa da 1.ª Liga garantiu, esta quarta-feira, a presença na final da Taça de Portugal, ao derrotar o Caldas por 1-2, após prolongamento, no Campo da Mata

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A festa da Taça de Portugal começou muito antes do apito inicial de Fábio Veríssimo, árbitro da segunda mão das meias-finais entre Caldas Sport Clube e Clube Desportivo das Aves.

Numa tarde de sol, os cachecóis à venda, o cheiro a porco no espeto, a multidão, vestida a rigor, com sandes e imperial na mão, os sons das buzinas e os cânticos entoados pelas gargantas afinadas davam cor à Mata Rainha Dona Leonor e seguimento ao sonho de uma época inteira.

Das Caldas da Rainha para o mundo inteiro, a cidade e os adeptos de ambas as equipas estavam de braço dado em torno dos dois clubes, que, pela primeira vez, tinham alcançado a meia-final da prova rainha do futebol português.

Contudo, após a derrota na primeira mão (0-1), a equipa do terceiro escalão precisava de dar a volta à eliminatória para manter o sonho da presença no Jamor bem vivo.

À entrada para o Campo da Mata, os mais de seis mil espectadores foram surpreendidos com a remodelação integral do estádio, que sofreu várias alterações para receber esta fase da eliminatória.

Outra surpresa, após a revelação dos onzes iniciais, Dinis Cdr, rapper das Caldas da Rainha, interpretou a música de homenagem à equipa da casa, lançada em Fevereiro.Eram 18:30 horas exactas, quando Fábio Veríssimo apitou para o arranque da segunda mão.

A primeira parte foi pautada por um jogo disputado e intenso entre as duas equipas, com o Desportivo das Aves a exercer maior pressão. O Caldas respondeu de forma coesa, conseguindo resistir às oportunidades de perigo da equipa forasteira.

Apesar das chances de ambas as partes, os primeiros 45 minutos terminaram sem qualquer golo. Na segunda parte, o Caldas mostrou mais confiança e chegou ao primeiro golo, ao minuto 56, por intermédio de um livre de Diogo Clemente, que Jorge Felipe cabeceou para dentro da própria baliza, traindo Quim.

O golo deu mais segurança à equipa de José Vala e o rumo da partida inverteu-se, uma vez que o Caldas tinha acabado de empatar a eliminatória.

Nos instantes finais, o Aves criou mais oportunidades, mas, uma vez mais, a equipa da casa conseguiu segurar o empate, com destaque para Luís Paulo, peça fundamental entre os postes.

No fim do tempo regulamentar, sem decisão definitiva quanto ao resultado final, o jogo seguiu para prolongamento. Os 30 minutos que se seguiram, divididos por 15 em cada parte, permitiram ao Aves resolver a eliminatória.

Aproveitando-se do cansaço existente, Vítor Gomes, na sequência de um canto de Nélson Lenho aos 98 minutos, marcou o primeiro com um remate eficaz para dentro das redes.

O segundo tento viria a surgir nove minutos depois, aos 107, novamente por Vítor Gomes, que rematou de meia distância, sem hipótese de defesa para Luís Paulo.

O relógio marcava 21 horas, quando Fábio Veríssimo apitou para o fecho da partida. Com um resultado agregado de 3-1, o Desportivo das Aves garantiu a primeira vaga de finalista da Taça de Portugal. Pela primeira vez, em 87 anos de existência, a equipa chega à final do Jamor.

No final da partida, José Vala revelou um “orgulho enorme”. "Nada tenho a apontar aos meus jogadores. Fizemos uma excelente primeira parte e na segunda conseguimos fazer o golo. Mas somos uma equipa amadora, sentimos os jogadores completamente esgotados. Baixámos o bloco, perdemos os níveis de concentração e o Aves acabou por marcar. Tínhamos de estar no máximo, sabíamos que se sofrêssemos um golo as coisas ficavam praticamente perdidas".

Já José Mota elogiou a formação adversária. “Hoje provou-se mais uma vez que o Caldas tem uma boa equipa, está muito bem comandado. Merece todo o realce desta prova, foi o outsider desta Taça de Portugal e tem bons jogadores, que no futuro próximo poderão ter também a sua oportunidade para se imporem no futebol.”

O técnico enalteceu também o comportamento da sua equipa. “Nos dois jogos, o Desportivo das Aves foi melhor, sempre com a réplica do Caldas, mas foi melhor, com mais oportunidades, mais golos, ao nível de posse de bola. É sem dúvida alguma merecedor de estar na final da Taça, porque foi realmente melhor que o Caldas."

A final da Taça de Portugal colocará, frente-a-frente, o Desportivo das Aves e o Sporting, que derrotou o FC Porto no desempate através da marcação de grandes penalidades. Joga-se domingo, dia 20 de Maio, às 17:15 horas, no Estádio Nacional, em Oeiras.

FICHA DE JOGO

Taça de Portugal Placard 2017/2018 – Meias-Finais

Campo da Mata

Árbitro: Fábio Veríssimo

Árbitros assistentes: Pedro Soares e Pedro Felisberto

Quarto árbitro: Rui Rodrigues

Vídeo árbitro: Hélder Malheiro

Assistente do vídeo árbitro: Bruno Jesus

Caldas Sport Clube – Luís Paulo, Juvenal Oliveira (Filipe Cascão, 94’), Rui Almeida, Thomas Militão, Diogo Clemente, Paulo Inácio, Odair Souza (Luís Farinha, 46’), João Rodrigues, Filipe Ryan, André Simões (Marcelo Santos, 85’) e Pedro Emanuel

Suplentes não utilizados: Natalino, Rony, Nuno Januário e Alexandre Cruz

Treinador: José Vala

Golos: Auto-golo de Jorge Felipe (56’)

Disciplina: Cartão amarelo a Odair Souza (34’), Pedro Emanuel (67’) e Luís Paulo (116’)

Desportivo das Aves – Quim, Nélson Lenho, Carlos Ponck, Jorge Felipe, Rodrigo, Nildo Petrolina (Hamdou, 72’), Vítor Gomes, Tissone, Farina (Braga, 61’), Baldé e Guedes (Derley, 109’)Suplentes não utilizados: Artur Moraes, Diego Galo, Amilton e Paulo Machado

Treinador: José Mota

Golos: Vítor Gomes (98’ e 107’)

Disciplina: Cartão amarelo a Jorge Felipe (8’), Nélson Lenho (56’), Vítor Gomes (90’) e Braga (90+3’)