Sociedade

Associação de Dadores de Sangue do Outeiro da Ranha é uma das maiores do País

1 mar 2022 12:42

Iniciou a missão de ajudar o próximo há 44 anos

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Nuno Elias é o apresidente da ADSOR desde 2019
Jacinto Silva Duro
Jacinto Silva Duro

“Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti” é um dos mais belos e simples princípios cristãos e poderia ser também o mote para o trabalho realizado pela Associação de Dadores de Sangue do Outeiro da Ranha (ADSOR).

Nasceu da vontade de um grupo de pessoas da terra com vontade de ajudar a salvar vidas com o sangue que lhes corre nas veias. A missão da ADSOR começou há 44 anos, em 1978, quando um tremor de terra abalou o arquipélago dos Açores, fazendo muitos feridos.

Ao ver as imagens na televisão, Isidoro Ferreira Gomes, filho da terra, ficou impressionado e sentiu que tinha de fazer alguma coisa para ajudar.

Contactou familiares, contactou amigos e, juntos, ofereceram o bem mais precioso que tinham: o sangue que lhes corria nas veias.

Isidoro ligou para o Hospital da Universidade de Coimbra (CHC) e, no dia 15 de Fevereiro de 1978, na Escola Primária do Outeiro da Ranha, foi feita a primeira dádiva.

A partir dessa data, iniciaram-se as recolhas regulares e perió- dicas. Estava criada a ADSOR. Hoje, a associação dispõe de instalações adequadas à recolha de sangue e à prossecução de um projecto humanitário reconhecido em todo o País.

A Associação de Dadores de Sangue do Outeiro da Ranha é uma das maiores associações privadas de dadores de sangue a nível nacional e duas vezes por mês abre as portas às dádivas de vida. Uma data é fixa - todos os primeiros sábados do mês - e outra é móvel, sempre num domingo reservado para o efeito.

Em Março, estão marcadas duas recolhas com o parceiro da primeira hora, o CHC que criou ali um Posto Avançado Fixo.

Serão a 5 e a 27 de Março, quando se celebrar o Dia Nacional do Dador.

“Aos domingos, temos, em média 100 pessoas. No último, até ultrapassámos as 120”, explica o actual presidente da ADSOR, sobrinho de Isidoro e da esposa Leonor que, após a morte do fundador, chamou a si a missão de gerir a associação.

Nuno Elias conta que, nem os confinamentos originados pela pandemia da Covid-19 impediram a entidade de participar nas recolhas de sangue.

Aliás, o método de agendamento criado para que se pudesse, em segurança, continuar com as dádivas foi até reproduzido pelo CHC noutros locais.

“As pessoas marcam por telefone, pelas redes sociais e pelo email e depois é feito um agendamento. No futuro, esperamos conseguir, em parceria com a Câmara de Pombal, criar uma solução online”, anuncia Nuno Elias.

Em 2021, após um pedido do CHC, a associação conseguiu quadruplicar as colheitas.

“Há pessoas que vêm de Ansião, de Leiria e de Pombal para dar sangue”, conta. O ano passado terminou com cerca de 1.500 dadores inscritos e 1.200 colheitas nas 24 sessões realizadas. E os números continuam a aumentar.

No último domingo, foram à ADSOR mais 21 novos dadores.

“Além da isenção das taxas moderadoras, as pessoas que oferecem o seu sangue têm, obrigatoriamente, de estar de boa saúde, para o poderem fazer.

Como o CHC tem um protocolo muito exigente, há um escrutínio e uma detecção antecipada de doenças que, de outro modo poderiam passar despercebidas”, ilustra o presidente da associação.