Sociedade

Amigos da Ervedeira limpam lagoa e constroem pontes e bancos e alguém os anda a destruir

5 mar 2021 08:04

Limpeza das valas de alimentação do corpo de água ajudou nível freático a subir

O antes
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Amigos da Lagoa da Ervedeira
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O depois
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Amigos da Lagoa da Ervedeira
Jacinto Silva Duro

Desde Novembro que o grupo Amigos da Lagoa da Ervedeira, na freguesia do Coimbrão (Leiria), está a recuperar antigas valas de escoamento e alimentação daquele corpo de água.

Os voluntários e moradores têm estado a restabelecer antigos caminhos rurais pedestres que circundam a lagoa, na certeza de que só conhecendo algo se luta pela sua defesa e conservação.

Têm limpado vegetação invasora, como as acácias, canas e mimosas, reaberto trilhos, criado pequenas pontes e locais de repouso e contemplação, num circuito que dá a volta ao perímetro.

Ontem, porém, os Amigos da Lagoa voltaram a deparar com um cenário que se tem repetido desde há meses. As pontes e bancos criados na margens, construídos em madeira tratada, haviam sido destruídos e a madeira furtada.

"É chato andarmos a remar para a frente e haver pessoas que destroem o nosso trabalho", lamenta Virgílio Cruz, um dos Amigos da Lagoa da Ervedeira, adiantando que nem as mesas do parque de merendas, instalado junto à pequena praia da lagoa, escapam.

O percurso que faz uso dos antigos caminhos que existiam na área, circunda a zona de inundação e conta com o apoio dos confinantes, muitos deles emigrados.

"Não tenho ideia de quem anda a fazer isto. Desta vez, despareceu tudo. As madeiras tratadas que sobraram da reconstrução do passadiço destruído pelo fogo de 2017 são apetecíveis", diz.

Os Amigos da Lagoa da Ervedeira irão repor o que foi agora furtado e destruído porque, dizem, são "persistentes na missão de dar a conhecer e a conservar a riqueza do local".

"Apesar do confinamento, há pessoas que vêm aqui dar um passeio a pé, no meio da natureza."

Nível da água subiu 2,5 metros

Desde o final de Setembro, os voluntários têm trabalhado na limpeza dos canais que alimentam o corpo de água, os quais, desde que cada vez mais agricultores abandonam a actividade, têm ficado obstruídos e mesmo desaparecido.

"Começámos com a limpeza em 2014, num ano também muito chuvoso, mas com a seca, com os fogos e com os helicópteros de combate a incêndios a virem abastecer na lagoa, o nível da água tem baixado. Este ano, contudo, notámos uma subida de 2,5 metros", conta Virgílio Cruz.

Simultaneamente, os Amigos da Ervedeira, o Município de Leiria e voluntários têm plantado árvores autóctones, para substituir as que foram destruídas pelo fogo, há quatro anos.

Há um ano, foram colocadas 650, que, devido ao calor do Verão, quase se perderam.

Valeu a intervenção do grupo de amigos e de voluntários, com o apoio da Junta de Freguesia, que começaram a fazer regas periódicas e conseguiram salvar 240.

"Com a ajuda da Câmara de Leiria, que forneceu novas árvores, temos agora quase 900 plantadas", diz Virgílio Cruz que aconselha a que, devido às alterações climáticas, as acções de reflorestação passem a ser realizadas entre Novembro e Dezembro, para dar "uma chance às pequenas árvores de se prepararem para os meses de maior calor e menos chuva".

Outra das acções que têm decorrido é o combate às acácias. É uma guerra muito difícil de ganhar, que nunca acaba, uma vez que esta espécie invasora é uma sobrevivente nata e muito resistente. "Esperamos que a pandemia acabe para realizar uma grande acção de limpeza das acácias e mimosas."