Desporto
A bola já rola na areia e os clubes da região apontam para os troféus
A época do futebol de praia ainda agora começou e os clubes da região já têm os objectivos bem vincados. Seja para garantir a manutenção ou para vencer, GRAP, Sótão, Nazaré 2022, GD Ilha e CDR Amieira lutam pelas vitórias

Os primeiros jogos da época de futebol de praia já decorreram e, só nestas jornadas iniciais, já deu para perceber que o Campeonato Elite e o Campeonato Nacional têm tudo para que a luta se mantenha renhida até ao fim.
Este ano, na Elite, há uma novidade: o SC Braga, um dos melhores clubes mundiais, anunciou a suspensão da secção de futebol de praia.
Com o Braga fora-de-jogo, há clubes que podem olhar para esta saída como uma oportunidade para outros sobressaírem. Edi Milhazes tem outra perspectiva. “A equipa do Sporting Clube de Braga desmembrou-se pelas diversas equipas do Campeonato Elite. Todas elas ganharam qualidade, tornaram-se mais competitivas e prova disso foram os resultados da 1.ª jornada, muito renhidos e surpreendentes”, revelou o técnico do ACD O Sótão.
A época arrancou de feição para esta equipa nazarena, que venceu a Supertaça, e este revelou-se um bom presságio para os restantes jogos. “No entanto, já tivemos a primeira jornada e não correu da melhor forma”, afirmou Edi Milhazes, uma vez que o emblema estreou-se no Campeonato Elite 2025 com uma derrota frente ao AFD Torre, mesmo com um golo de Rúben Brilhante e um hat-trick de Bernardo Lopes.
Para o técnico, o Sótão tem a “obrigação moral” de entrar em todos os jogos para vencer. “Nos últimos anos tivemos o mérito e a capacidade de estar nas principais decisões e vamos querer fazê-lo novamente este ano”, revelou.
O plantel apresenta novidades, no entanto, é clara a aposta em atletas locais. O internacional Rúben Brilhante, que desde 2021 vestia as cores do Braga, regressa a casa para elevar a qualidade técnica do plantel. Também Tiago Légua volta a integrar a equipa, após uma breve passagem pelo AD Nazaré 2022, tal como o leiriense Bernardo Lopes.
Também o GRAP – Grupo Recreativo Amigos da Paz, dos Pousos, apostou em prata da casa. Só entra Rui Oliveira, oriundo de Tomar, e sai Sérgio Fonseca da baliza para, curiosamente, orientar a equipa. “O GRAP teve uma situação inesperada com a saída do Sandro [ex-treinador] e preferiu olhar internamente. Era uma ambição minha também tornar-me treinador”, adiantou o técnico, que tem “boas perspectivas” para a época.
Apesar da derrota na primeira jornada, o grupo mantém-se coeso e a presença na final four da Elite é o objectivo primordial. “Esta equipa tem bastante qualidade e temos todo o direito de lutar por mais resultados.”
Perante a saída do Braga, o técnico acredita que, com a distribuição dos jogadores, o campeonato fica “mais equilibrado” e, por isso, “as equipas vão ambicionar mais”.
Além de apontar para os lugares cimeiros da tabela, o clube leiriense pretende também “potenciar os jogadores da casa” e dar-lhes mais capacidades técnicas.
Nazaré 2022 quer a Elite
Quanto ao Campeonato Nacional, o distrito está representado pelo AD Nazaré e pelo GD Ilha. Rúben Freire, técnico dos nazarenos, assume as dificuldades, mas, também, a vontade em querer levar a equipa a outro patamar, nesta que é a sua estreia a liderar uma formação sénior masculina.
“Fui treinador-adjunto quando subimos para a Elite e agora sou treinador principal num dos anos mais difíceis desde que o clube foi criado. O orçamento está muito reduzido e os apoios, sejam camarários ou da federação, são cada vez menos”, lamenta.
Esta é, por isso, uma época em que começam “do zero”, uma vez que o plantel sofreu várias alterações. Ainda assim, o grupo apresenta-se unido e à procura da primeira vitória no campeonato. “A equipa tem crescido muito de jogo para jogo. Falta o que chamamos de entrosamento dentro de campo, mas os indícios têm sido positivos.”
Orgulhoso dos jogadores que tem à disposição, Rúben Freire afirma que quer chegar à fase final e devolver a associação à Elite. “Tenho esse sonho. Somos obrigados a tê-lo como nazarenos e apaixonados pelo futebol de praia. Mas temos plena consciência das dificuldades, o grupo está em reestruturação”.
Rúben Freire deixou ainda críticas à federação que, apesar de apostar em cursos para treinadores de futebol de praia, não reconhece o mérito dos clubes. “Investimos em termos da formação, com jogadores formados na Nazaré, mas depois não há o retorno da parte da federação. Quando um jogador é cedido à selecção, o clube não é ressarcido em nada. Um clube que seja campeão não recebe nada”, denunciou.
Ilha aponta à manutenção
De regresso ao Campeonato Nacional, o GD Ilha aponta, para já, para a estabilização nesta competição. “Vamos pensar em trabalhar jogo a jogo e tentar cimentar-nos no Campeonato Nacional. Depois, se surgir algo melhor, tentamos outras coisas”, detalha João Rodrigues, treinador que afirma ter um plantel “mais equilibrado”, com 17 jogadores que dão opções de jogo e “garantias” para atingir os objectivos.
Em duas jornadas, a equipa já acumulou os seis pontos possíveis mas o técnico prefere manter os pés assentes na terra. “Queremos ganhar estabilidade no campeonato e depois começar a trabalhar para outros horizontes”.
Modalidade ganha vida na Amieira
Ainda só estão no activo há dois anos, mas ambição e garra não lhes falta. O CDR Amieira, da Marinha Grande, reactivou a secção de futebol de praia, dando vida a um clube que já não tinha qualquer actividade desportiva.
Encontraram no futebol de praia a forma de levar mais longe o nome da aldeia e iniciaram o percurso no campeonato distrital. No primeiro ano, o apuramento para o Campeonato Nacional ficou à distância de um penálti, mas a Federação prestou atenção à perseverança desta equipa e convidou-a para estar na competição nacional.
“O convite da federação veio a uma semana do início do campeonato”, conta o treinador André Carvalho, que já tinha a equipa preparada para disputar a competição distrital. Não temeram e foram em frente e, após duas jornadas, acumularam uma vitória e uma derrota.
“A nossa expectativa é fazer o melhor possível, mas a grande prioridade é não descer”, confessa, ao mencionar que esta é uma oportunidade para comprovar a qualidade do plantel, composto na sua maioria por jogadores naturais da Amieira, uma vez que quem é da terra “vai sentir o clube de maneira diferente”.
A procura por patrocínios tem sido incessante e é na Praia da Vieira que a equipa tem conseguido realizar os seus treinos. Nas duas primeiras jornadas, treinaram sem baliza, mas agora o campo já está montado para dar mais condições ao emblema marinhense.
Existe, principalmente, a vontade em contribuir para o clube da terra, onde o convívio e a diversão entre todos imperam, para colocar a Amieira no mapa do futebol de praia.
Notícia actualizada a 9 de Junho para acrescentar o testemunho do CDR Amieira