Opinião

O Governo Anti-Bebés

7 ago 2025 08:01

Para um governo pró-vida, parece que a vida só interessa quando estamos a falar de aborto. Depois de nascer, as crianças que se desenrasquem

Nesta crónica infelizmente muito tema poderia ser explorado. Mas as recentes notícias de alteração ao Código do Trabalho não deixam de ser preocupantes a longo prazo. As propostas mais do que um retrocesso são uma agressão aos bebés, às mães, aos pais e às famílias portuguesas.

Já quando falei da decepção que foi a não aprovação da licença de 6 meses paga a 100%, falámos sobre a importância de manter a amamentação exclusiva até essa idade e, até aos 2 anos manter como alimentação complementar. E isto segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, não é invenção da cabeça das mães!

Para um governo pró-vida, parece que a vida só interessa quando estamos a falar de aborto. Depois de nascer, as crianças que se desenrasquem. Aliás mesmo antes de nascer, já que as maternidades estão encerradas e não há resposta. Então só nos interessamos pela vida, não pela qualidade de vida?

Ter de apresentar atestados no início da amamentação? Só ter dispensa de 2 horas de amamentação até um ano de idade da criança? Licença de 3 mais 3 meses dividida com mãe e pai? Perder o direito ao luto gestacional, especialmente o pai? Já sabemos que os homens não choram mas nem poderem apoiar as esposas após uma perda? (atenção frase anterior contém muita ironia, os homens também têm direito ao seu luto por morte de um filho). Não poder recusar trabalho noturno por ter filho com idade inferior a 12 anos? As CPCJ vão ficar cheias de queixas de crianças deixadas sozinhas em casa durante a noite ou então as fábricas terão de voltar a adoptar a medida de terem uma creche como acontecia nos anos 60. É que a escolha aqui é simples ou vão trabalhar para pagar contas e deixam as crianças sozinhas, ou vivemos todos do estado porque ninguém consegue trabalhar.

Onde está aquela frase bonita do programa de campanha que dizia qualquer coisa como “promover a conciliação entre a vida profissional e familiar, flexibilizar o trabalho”?

E depois ainda aparece a aberração de tirar a educação sexual do programa de cidadania das escolas. Os nossos jovens já recebem a maior parte da sua educação sexual através das redes sociais e dos filmes pornográficos. Depois não se admirem que a violência no namoro aumente assim como as gravidezes adolescentes.

É este o momento de exercermos a nossa cidadania. Já não é preciso sair à rua. Defendam os vossos direitos assinando as várias petições públicas. Pela defesa da família e da vida com dignidade.

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990