Editorial

O futuro do Polis

18 ago 2022 12:00

As margens [do Lis] ficaram literalmente mais ligadas, muito para lá do centro da cidade

Há quase duas décadas, escrevíamos numa publicação editada por este jornal que o futuro da cidade de Leiria se adivinhava mais saudável, desportivo e comunitário.

Antevia-se o aumento do número de pessoas a correr junto ao rio Lis, a andar de bicicleta, a caminhar ou simplesmente a usufruir do espaço público.

Estava a iniciar-se a construção do Polis, um projecto assente na ideia de devolver a zona ribeirinha aos leirienses e a tornar agradável também para quem chega de visita.

Até aí, a relação dos de Leiria com o seu rio resumia-se a uns passeios domingueiros, a uma fuga romântica para o recato do Marachão, a uma espreitadela na Ponte Hintze Ribeiro em dias de caudal agreste, a uma deslocação à Ponte das Mestras inundada, nos Invernos mais rigorosos.

Depois de 2007, muito mudou.

Efectivamente, a quantidade de pessoas a praticar exercício físico à beira rio aumentou significativamente, e a quase indiferença deu lugar a um sentimento de afinidade dos leirienses para com o percurso do Lis.

Como nos recorda esta semana a arquitecta Ana Bonifácio, hoje, é difícil imaginar Leiria sem o Polis.

Não só pela extensão da ‘pista de treino’, mas também por ser um ponto de encontro, de convívio, um palco de cultura(s).

Mostra-se cinema e teatro no Jardim da Vala Real, organizam-se concertos no Jardim Luís de Camões, piqueniques familiares no Parque do Avião, sessões de ioga ao ar livre no Jardim da Almuínha Grande.

As margens ficaram literalmente mais ligadas, muito para lá do centro da cidade, encurtaram-se distâncias, criaram-se novos espaços verdes, reforçou-se o sentido de pertença, bem patente, por exemplo, na mais recente polémica em torno do tipo de material escolhido para pavimentar uma parte do Polis.

O alargamento da extensão do percurso, até ao centro das Cortes e até Monte Real, a jusante, foi anunciado há cinco anos, pelo então presidente da autarquia, Raul Castro.

Há dois anos, foi aprovada a construção de uma ciclovia, que ligará Leiria à foz do rio Lis, no concelho da Marinha Grande.

Este ano, no dia da cidade, Gonçalo Lopes prometeu uma piscina ao ar livre, junto ao percurso Polis, mas sem precisar, até agora, a sua localização.

Ao assinalar-se o 15º aniversário da inauguração do projecto, será consensual dizer-se que há uma Leiria antes e depois do Polis.

Espera-se que, nos próximos anos, se possa afirmar, com o mesmo sentimento de orgulho, que houve um Polis antes e depois do Polis.