Opinião

Música | ENNIO MORRICONE

26 jul 2020 20:00

Morreu Ennio Morricone e o cinema perdeu o seu grande maestro. Foi no passado dia 6 de julho que o compositor italiano deixou a batuta para sempre.

Contava com 91 anos. Boa parte da história do cinema passa por Ennio Morricone.

Tudo terá começado com o seu amigo Sergio Leone, realizador dos célebres “western spaghetti” e do épico “Era uma vez na América”.

A dupla trabalhava em perfeita sintonia – Leone criava cenas mais longas para que as composições de Morricone encaixassem na perfeição.

“Por um Punhado de Dólares” (1964), “Por Mais Alguns Dólares” (1965) e “O Bom, o Mau e o Vilão” (1966), todos com Clint Eastwood, ficaram na memória coletiva e tornaram-se filmes de culto muito por “culpa” da banda-sonora – o tema “The Ecstasy of Gold”, do filme “O Bom, o Mau e o Vilão”, foi mesmo um sucesso planetário, juntando assim o “culto” e o “mainstream” no mesmo saco.

Ennio Morricone escreveu mais de 500 músicas para cinema, vendendo 700 milhões de discos, e o mais impressionante é que muitas das suas composições são logo identificáveis com este ou aquele filme.

Quem acompanha o cinema – e não é preciso ser cinéfilo – saberá reconhecer facilmente as melodias de “Era uma vez na América”, “Os Intocáveis”, “A Missão”, “Cinema Paraíso” ou “Aconteceu no Oeste”.

Talvez agora olhando para a sua notável carreira nos questionemos como é que ele apenas ganhou um Óscar pelo filme “Oito Odiados”, de Quentin Tarantino, em 2016, e outro Óscar Honorário em 2007.

Então não ganhou com “Era uma vez na América” em 1985? Como é possível? Pois, nesse ano, ganhou a banda-sonora do filme “Passagem para a India”, da autoria de Maurice Jarre. Os Óscares sempre tiveram esta capacidade de nos surpreender!

A música de Ennio Morricone irá ficar para sempre entre nós e, por vezes, é só nestas alturas que percebemos a verdadeira dimensão da obra ao revisitarmos tantas e tão inesquecíveis peças musicais.

Nota: gostava de aproveitar este espaço público para enviar uma mensagem ao João Nazário, diretor deste jornal durante 16 anos. O JORNAL DE LEIRIA (JL) tem um “antes” e um “depois” de João Nazário. Como leitor, e na minha modesta opinião, posso dizer que o JL, editorialmente, viveu os seus melhores anos e foi bem notória a sua aposta na Cultura, estando o JORNAL DE LEIRIA sempre ao lado dos promotores que querem fazer da cidade e da região um melhor lugar para se viver. Ele próprio avançou com grandes e fantásticas empreitadas, como foram as edições do Há Música na Cidade. Como amigo, só lhe posso desejar muito sucesso pessoal e profissional daqui para a frente. Obrigado, João!

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990
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