Editorial

Anúncio de medidas não chega

8 mai 2020 10:30

O momento exige rapidez, não apenas a pensar e a decidir, mas também a executar, sob pena de as boas medidas anunciadas de nada valerem por chegarem tarde de mais.

Alcino Duarte, director do Agrupamento de Escolas Domingos Sequeira, em entrevista nesta edição do Jornal de Leiria, é apenas mais uma voz a criticar a lentidão com que o Governo efectiva as medidas que anuncia.

A cerca de duas semanas do regresso dos alunos dos 11º e 12º anos, Alcino Duarte afirmava terem sido parcas as orientações sobre como decorrerão as aulas, não sabendo se a escola teria professores suficientes para respeitar as normas, e criticava o Ministério da Educação por ainda não terem recebido qualquer material de protecção individual, apesar de os serviços administrativos estarem a funcionar.

As críticas de Alcino Duarte juntam-se a muitas outras que se têm feito ouvir nos últimos dias, com os empresários à cabeça ao apontarem o dedo ao Governo pela demora dos apoios anunciados e às “exigências completamente absurdas e excessivas” colocadas pela banca, como referiu António Saraiva, presidente da CIP.

Também o atraso na análise dos pedidos de lay-off e no pagamento dos mesmos, fez desesperar os empresários devido a rupturas de tesouraria, que em alguns casos fez tardar o pagamento dos salários.

Das empresas de comunicação social ouvem-se igualmente críticas, por os 15 milhões anunciados para ajudar os jornais e televisões a continuarem a trabalhar e a manter as pessoas informadas, para já, não passarem disso mesmo: de anunciados.

Ou seja, percebendo-se as dificuldades do momento extraordinário em que vivemos, que também dificultarão a acção de quem nos governa, não é, apesar de tudo, aceitável que as medidas sejam anunciadas, criando expectativas junto das pessoas e empresas a que se destinam, e depois demorem tanto tempo a chegar ao terreno, que nesta fase crítica parece uma eternidade.

O momento exige rapidez, não apenas a pensar e a decidir, mas também a executar, sob pena de as boas medidas anunciadas de nada valerem por chegarem tarde de mais.

A continuar assim, o Governo poderá ser acusado, legitimamente, de estar a fazer marketing político, algo de que se deveria inibir atendendo ao que está em causa, mas também porque a oposição, na sua maioria, tem dado provas de sentido de Estado ao suspender a ‘guerrilha’ política dos tempos ditos normais.

Se é para fazer, é para fazer. Se não é, não se anuncie!