Saúde

Yoga, a arma anti-stress para miúdos e graúdos

19 jun 2020 15:31

Evento no próximo domingo assinala Dia Internacional de Yoga

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Ana Filipa Neves, instrutora de yoga
DR
Daniela Franco Sousa

No próximo domingo, 21 de Junho, assinala-se o Dia Internacional de Yoga. O JORNAL DE LEIRIA entrevistou Ana Filipa Neves, instrutora desta actividade milenar, cujos benefícios para a saúde são transversais a todas as idades, e que vão desde o alívio de dores, à redução do stress e da ansiedade. E para assinalar o dia, Ana Filipa Neves e o restaurante Meraki, promovem duas sessões de yoga, na Praia Velha, Marinha Grande, pelas 9:30 horas e 19:30 horas, actividades limitadas a dez participantes.

Há quanto tempo pratica yoga?

Pratico yoga há 7 anos. Tinha 33 anos quando comecei.

Por que motivo começou a praticar?

Já tinha curiosidade acerca do yoga há vários anos. Mas em  2013 percebi que a minha filha também tinha esse interesse e acabamos por ir juntas a uma aula aberta, com aquela que viria a ser minha professora. Na altura nem sonhava o quanto o yoga me iria fazer bem. Não estava no melhor momento na minha vida a nível emocional e o yoga foi a resposta para todos os meus problemas. Abriu-me a mente para outra forma de vermos e estarmos no mundo e isso fez com que depressa várias questões fossem atenuadas, como a instabilidade emocional que sentia, a ansiedade e o stress.

Desde então nunca mais abandonou este estilo de vida...

Nunca mais deixei de praticar e até hoje os resultados nunca pararam de crescer. O estímulo para pensar em ser instrutora veio da minha professora Catarina Henriques. Fazia sentido. Sempre me identifiquei com o propósito de servir e ajudar os outros. Terminei o curso em 2016, deixei trabalho que tinha, e passei a dedicar-me apenas ao yoga. Foi o melhor que me podia ter acontecido.

Tem trabalhado em ginásios, escolas e centros de dia. Há benefícios distintos para cada tipo de público?

No caso dos adultos, os benefícios mais reconhecidos são a diminuição do stress e da ansiedade e a conquista de um corpo mais saudável e flexível. Mas existem muitos mais: melhora o sono; dá-nos a capacidade de controlar processos do corpo como a digestão, a frequência cardíaca e a pressão arterial; alivia dores corporais; aumenta a resistência e fortalece os músculos. E muitas outras coisas acontecem a partir da prática do yoga e da sua vivência diária: o respeito por nós e pelo outro aumenta, a sensibilidade para com a beleza do mundo também. Cada um retira do yoga aquilo que precisa, mesmo que ainda não esteja à procura. Tenho alunos idosos que me dizem ter recuperado energia, outros socorrem-se do yoga como uma “ferramenta” para acalmar e chegam-me também relatos de alunos que deixaram de sentir ataques de pânico. Também no caso das crianças, os benefícios são variados: maior concentração e consequente melhoria no desempenho escolar; aumento da consciência corporal e melhoria da coordenação motora; corpo mais forte e mais saudável; capacidade de aquietar os pensamentos e os medos, o que leva a criança a sentir-se mais feliz; diminuição do stress e da ansiedade; e desenvolve a criatividade.

Há exercícios específicos para crianças e para adultos?

Os exercícios são basicamente os mesmos, sendo que nas aulas das crianças as técnicas são todas introduzidas de uma forma didáctica, com histórias e brincadeiras à mistura, de forma a torná-las mais apelativas.

As aulas são também mais curtas do que as dos adultos. A partir de que idade recomenda aulas de yoga?

Acredito que possa ser adoptado desde o nascimento. A própria prática durante a gravidez tem benefícios para a mãe e para o bebé. E facilita o parto.

Que reconhecimento tem o yoga em Portugal?

Ainda há trabalho a fazer, porque o yoga ainda é estigmatizado, muitas vezes confundido com uma religião e muitas vezes questionado em matéria de resultados. Mas, de forma geral, está a ser cada vez mais divulgado e bem recebido, inclusive pela classe médica, que começa a recomendar yoga a pacientes em diversas situações. As próprias escolas começam a disponibilizar yoga como actividade extra curricular. E creio que nos centros de dia se irá reconhecer cada vez mais o seu papel. Mas são infindáveis as utilizações do yoga, que eu gostaria de ver aplicado em hospitais, prisões, centros de recuperação de toxicodependentes ou em centros de acolhimento de crianças em risco.