Desporto

Yasser Ben Hamida: "Temos grandes ligações ao nível dos patrocínios, como a Emirates"

1 abr 2016 00:00

Vice-presidente e director-geral da SAD do Centro Desportivo de Fátima, aponta os objectivos ambiciosos da equipa e revela o quão bem é tratado em Portugal

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Por que razão decidiram investir em Portugal?

Foi uma escolha do senhor Kaaki, o presidente da SAD. Eu escolheria outro país da Europa, porque sou francófono e tive formação na Ucrânia e em França. Mas o investidor optou por Portugal porque quando era presidente do Al Wahda teve muitos treinadores portugueses. Ficou curioso e disse-me para ir ver. Quando cheguei percebi que era um bom local para investir e avançámos.

Sendo todos vós árabes é curioso terem feito esta aposta num dos altares do cristianismo.

Foi por causa do padre Pereira. Procurei por todo o País durante um ano, tivemos várias propostas de clubes portugueses, mas escolhemos Fátima porque o presidente do clube, o senhor padre Pereira, é uma excelente pessoa, da mais absoluta confiança. É padre e está tudo dito. É um clube cheio de história, gostei bastante das pessoas, da direcção do clube e até da própria localização da cidade, no centro do País. E das condições quer o próprio clube tem, com dois campos de relva natural e um centro de estágio.

Curiosamente, o presidente da SAD é de Meca. Esta realidade que se vive em Fátima é, no fundo, uma mensagem de paz?

Muito sinceramente, de início, nunca pensámos em religião. Mas depois, quando analisámos a situação, percebemos que só podia trazer vantagens. Meca é a cidade mais importante do Islão e Fátima é uma das cidades mais relevantes da fé no cristianismo. Acreditamos, sim, que estamos a dar o nosso contributo para a paz.

Já sentiu desconfiança por serem árabes?

Frente-a-frente, toda a gente gosta de mim. Agora, quando viro as costas não sei. O que é certo é que adoro as pessoas de Fátima. São muito diferentes das de outros países por onde passei, como a França. São mais afectuosas com os árabes e os muçulmanos. Mesmo no momento que atravessamos, com os atentados que aconteceram recentemente, nunca senti nada de mal. Todos nos tratam bem.

O facto de o Fátima estar nas competições distritais foi importante?

Sinceramente, antes de assinar o contrato para a formação da SAD, o senhor Kaaki disse que não precisávamos de comprar uma SAD no distrital se tínhamos uma proposta no Campeonato de Portugal. A verdade é que mais um ano é mais um orçamento, mas disse-lhe que era melhor começar do distrital, do zero, que era importante que o projecto fosse feito passo a passo. Em todos os projectos económicos, não só no futebol, se vamos demasiado rápido acabamos por cair mais rapidamente ainda.

O domínio foi enorme. Correu tudo como esperavam?

Sim, não tive surpresas. Sou uma pessoa do futebol e bastante realista. Não sonho por sonhar e sabia desde o início da temporada que seríamos campeões. No nível distrital foi bastante fácil para o Fátima vencer o campeonato, porque criámos todas as condições: tínhamos os melhores jogadores, a melhor equipa técnica, tudo o que era necessário para sermos campeões. Foi fácil no distrital, mas depois será mais difícil.

O orçamento era muito mais elevado do que o dos concorrentes.

É o de nove ou dez clubes somados. São 250 mil euros, um orçamento enorme para a competição em causa. Toda a gente do distrital de Santarém percebeu muito rapidamente que o Fátima tinha um nível muito superior.

No Campeonato de Portugal tudo vai ser diferente.

Sim, e o dinheiro não é suficiente para ganhar. Ainda não temos ideia do orçamento, porque dependerá do que o presidente vai querer investir, mas vai depender também de várias coisas, como se a União de Leiria não sobe, se o Mafra ou o Oriental descem... Depende de muitas coisas.

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