Economia

“Se queres ver bicicletas, vai ao Paulo Manaia”

13 dez 2021 10:16

Dezasseis anos da Bikezone Leiria, com pergaminhos no ciclismo e uma incursão na mobilidade suave

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Seja reparação ou afinação, a Bikezone de Paulo Manaia está de portas abertas
Jacinto Silva Duro
Jacinto Silva Duro

Neste mês Dezembro, celebram-se os 16 anos da Bikezone Leiria, meca dos amantes do desporto de aventura no estribo do pedal e, agora, na mobilidade suave.

A Bikezone Leiria é conhecida por, praticamente, todos os participantes em provas de ciclismo, de norte a sul do País e, para isso, contribuem o marketing do boca-a-boca e uma verdadeira "rede social" criada por Paulo Manaia, o fundador da empresa.

“Foi uma surpresa. Há poucos anos apercebi-me que a Bikezone Leiria era conhecida a nível nacional. Eu estava aqui, no Vale Gracioso, a fazer o melhor trabalho possível e o nome da empresa começou a circular, através dos atletas que apoiamos.”

Na verdade, há cerca de uma dúzia de campeões nacionais, em vários escalões e géneros que não perdem a oportunidade de mencionar o nome, quando questionados sobre este ou aquele equipamento.

Há ano e meio, aventurou-se num novo sector das duas rodas. Ainda o termo “mobilidade suave” era desconhecido da maior parte do público, já Paulo acalentava a ideia de colocar à disposição dos clientes alternativas mais citadinas.

Acabaria por fazê-lo na nova loja de Leiria, na Rua Anzebino da Cruz Saraiva.

Apesar de haver um certo mercado que se interessa pela mobilidade eléctrica citadina, o que realmente faz crescer água na boca de quem pratica ciclismo são os modelos mais avançados destinados ao BTT e ao ciclismo de estrada.

“Ainda hoje, na loja em Leiria, esteve um casal a comprar uma bicicleta eléctrica com atrelado para crianças. Penso que o objectivo é levar o filho à escola e para usar no dia-a-dia.”

O empresário diz que, sempre que há crises e choques petrolíferos, o aumento súbito dos preços dos combustíveis põe muita gente a pensar, a fazer contas e a planos para reduzir o impacto no orçamento familiar. A bicicleta, no caso dos habitantes das cidades, entra sempre na estratégia.

Foi assim em 2011, 2019 e agora, em 2021. “Passada a crise, boa parte volta ao automóvel”, prevê.

Arrisquei tudo!
A fama de Paulo Manaia e da Bikezone Leiria resulta da junção de marcas de qualidade e boa assistência técnica. O empresário admite que foi uma aposta arriscada que lhe trouxe o sucesso.

“Durante muito tempo, fomos a terceira loja de bicicletas de Leiria, até que, um dia, à revelia da minha mulher, a Ana, arrisquei tudo. Carreguei a loja de bicicletas, com os mais recentes modelos e novidades. Foi um passo que me assustou muito, mas que me permitiu fazer o clique.”

O público começou a comentar e a notícia circulou na tal “rede social” criada pelo empresário. A mensagem tinha apenas um sentido: “se queres ver bicicletas, vai ao Paulo Manaia"; "se queres ver a nova colecção vai à Bikezone Leiria”.

E a história seguiu o seu caminho.

Voltou ao selim e o “bichinho” fez o resto
Amante de bicicletas, antes de fazer a tropa, Paulo praticava ciclismo de estrada com os amigos. Empolgava-o a possibilidade de, com um dispositivo tão simples, porém engenhoso, ser possível ao ser humano atingir grandes velocidades e percorrer distâncias com o mínimo de esforço.

A criação de um espaço como a Bikezone Leiria, sediada no Vale Gracioso, dirigido a outros amantes do ciclismo, seja ele fora ou dentro de estrada, acabaria ainda por demorar mais 13 anos.

Como quase todas as coisas grandes, tudo começou da forma mais insuspeita. Paulo, que tinha deixado de andar de bicicleta, voltou a subir ao selim e a sentir o gosto do vento frio na cara e a sensação de plenitude no peito sempre que uma subida mais difícil era conquistada.

“O bichinho começou a dar-me a ideia de abrir uma loja na zona de Leiria. Havia duas lojas da especialidade e eu percebi que haveria espaço para mais uma”, conta.

É uma paixão por pedais, que partilha com a mulher. “Acabei por ser contagiada pelo Paulo”, admite Ana Marcelino. “Quando arranquei com a Bikezone, apostava mais na competição, em especial, no BTT e Downhill.

Este último, estava muito forte na época, devido ao forte contributo da série de televisão Morangos com Açúcar. Havia poucas pessoas a fazer ciclismo de estrada, nesses dias.”

Manaia conta que inaugurou o espaço no Vale Gracioso com bicicletas de BTT, Downhill e Dirt, esta uma vertente, hoje, pouco praticada. “Só tinha quatro bicicletas de estrada, quando abri portas.”

Mas até o desporto segue as modas e as coisas voltaram a mudar. Actualmente, há, novamente, muita procura por veículos de estrada. “E por bicicletas de BTT com motor eléctrico!”

O ciclismo, em todas as suas cambiantes e formas, é um desporto praticado, maioritariamente, por amantes da natureza, aventureiros e pessoas que gostam da comunhão com a natureza e com os grandes espaços virgens de presença humana.

“Há também quem goste de dar uma voltinha no ambiente urbano da cidade, nas ciclovias, mas a maior parte só se sente bem no meio do mato”, reforça. “Notamos que a geração dos 60 e 70 anos está a voltar às bicicletas e a divertir-se.

Alguns optam por bicicletas muito leves, mas também por um apoio eléctrico que lhes permite, com menor esforço, acompanhar os mais novos.”

Ir à Bikezone é mergulhar num espaço onde se pode encontrar quase todo o tipo de veículos de duas rodas. Até uniciclos - com apenas uma - caso se pretenda uma alternativa realmente excepcional.

Tudo depende da vontade do freguês. Há bicicletas para os mais novos, há para quem pretenda começar a aventurar-se nos trilhos, sem abrir muito os cordões à bolsa, e há produtos premium, para os mais exigentes ciclistas para quem, um simples grama de peso a mais, tem de ser retirado.

Entre as marcas e fabricantes que a Bikezone Leiria comercializa contam-se a Scott, a Cannondale, a Moustache, a Giant ou a Eleven. Há ainda uma área destinada à boutique, acessórios e equipamentos de segurança.

“Tudo o que seja necessário para andar de bicicleta com o maior conforto e segurança”, garante Ana Marcelino.

E, claro, no caso de ser necessária uma reparação ou simples afinação para um percurso de 500 quilómetros, também está à disposição do cliente uma oficina, com vários mecânicos.