Sociedade

Patrão da Lusiaves responde por branqueamento de capitais

17 nov 2020 14:54

Avelino Gaspar, presidente do Conselho de Administração da Lusiaves, vai a julgamento

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Avelino Gaspar é acusado de branqueamento de capitais
Ricardo Graça

Avelino Gaspar, presidente do Conselho de Administração da Lusiaves, grupo de empresas do sector agro-alimentar, sediado em Marrazes, Leiria, esclareceu em comunicado que, embora o Tribunal de Viseu tenha avançado para julgamento por um alegado crime de branqueamento de capitais que lhe é imputado, em co-autoria com Mário Pinto, como noticia na sua edição de hoje, dia 17 de Novembro, o Jornal de Notícias, o empresário foi o mais penalizado com este caso. 

Adianta ainda que, numa outra acção, que terminou agora a fase de instrução e que "permitiu afastar sobre si imputação de qualquer crime de insolvência dolosa".

De acordo com a notícia avançada no Jornal de Notícias, o empresário Mário Pinto também vai ser julgado por alegada insolvência dolosa e abuso de confiança qualificado, acrescenta o jornal, referindo que os arguidos podem vir a perder a favor do Estado quase 1,7 milhões de euros.

"Segundo a acusação do Ministério Público, confirmada na passada sexta-feira pelo tribunal de Viseu, Avelino Gaspar é acusado de ter delineado um plano para transferir e desmantelar o património da Avilafões (Vouzela), nomeadamente bens e equipamentos para uma das sociedades do grupo da Lusiaves, com o propósito de provocar a insolvência e prejudicar os credores. Depois terá tentado branquear o capital numa offshore, a Risa Finance LLC que, segundo o MP era administrada de facto pelo empresário", refere a edição de hoje do Jornal de Notícias. 

Porém, Avelino Gaspar responde que o processo em causa diz respeito a factos ocorridos entre 2006 e 2009 referentes a uma empresa chamada Avilafões, da qual a Campoaves, empresa do seu grupo económico, é a maior credora.

Comunicado Lusiaves

A empresa Avilafões estava em situação de pré-insolvência em 2006 (um dos credores requereu mesmo a insolvência da empresa ainda em 2006).

Após pedido de ajuda financeira por parte do fundador da Avilafões, a Campoaves adquiriu 51% do capital social da Avilafões, mantendo-se os restantes 49% na posse do fundador da empresa.

Apesar dos esforços da Campoaves, a qual sozinha injectou na Avilafões mais de cinco milhões de euros, a referida empresa viria a ser declarada insolvente em 2009.

O desfecho da Avilafões encontra-se a ser discutido em sede judicial, tendo terminado agora a fase de instrução, a qual permitiu afastar a imputação de qualquer crime de insolvência dolosa à Campoaves ou a Avelino Gaspar.

Seguir-se-á agora a fase de julgamento, na qual se irá discutir se a gerência da Avilafões de então poderia ter procedido ao pagamento de parte dos créditos que a Campoaves detinha sobre aquela empresa.

De salientar que grande parte da dívida que a Avilafões possuía era à empresa Campoaves, sendo esta de longe o maior credor.

Não temos qualquer dúvida que, em sede de julgamento, irão ser apresentados todos os esclarecimentos necessários, ficando evidente duas coisas: que não se verificou qualquer branqueamento de capitais e que a grande lesada (em largos milhões de euros) com a liquidação da Avilafões foi a empresa Campoaves.