Viver

O primeiro livro de poemas de Paulo Kellerman: “Se acabarem as perguntas, acaba a escrita”

13 mai 2022 15:00

Apresentação este sábado, 14 de Maio, na livraria Arquivo, em Leiria

o-primeiro-livro-de-poemas-de-paulo-kellerman-se-acabarem-as-perguntas-acaba-a-escrita
Paulo Kellerman: "Este livro não é excepção: creio que está repleto de histórias, perguntas e emoções"
Ricardo Graça

E quando acabarem as perguntas? é o décimo sétimo livro de Paulo Kellerman. É, também, o primeiro livro de poemas publicado pelo autor de Leiria. Será apresentado durante um evento na livraria Arquivo, em Leiria, no sábado, 14 de Maio, com leitura de poemas por Ana Moderno, Andreia Mateus, Liliana Gonçalves, Rita Rosa, Sandrine Cordeiro e Susana Neves.

Segundo Paulo Kellerman, “uma apresentação que não é propriamente uma apresentação”.

Formalmente, o livro nasceu, para o público, a 23 de Abril de 2022. E assinala outros dois 23 de Abril: em 1996, o primeiro texto (uma crónica do Diário de Leiria) publicado por Paulo Kellerman num jornal. E, em 2001, o primeiro livro (Miniaturas, nas Edições Colibri).

Primeiro livro de poesia após 26 anos a escrever contos, crónicas, romances, ensaios, teatro e até uma ópera. Porquê agora?
Funciono por desafios e entusiasmos. Houve um momento em que me desafiei a escrever poesia, por ser algo novo para mi
m. E por isso, escrevi. Depois seguiu-se o momento em que me entusiasmei, e com o tempo começou a crescer em mim a vontade de não me limitar a experiências soltas mas de construir um livro de raiz. Não sei porquê agora, apenas posso confessar que há dois anos não me passava pela cabeça publicar um livro de poesia. Mas gosto muito desta incerteza de não saber o que estarei a fazer daqui uns tempos.

É um risco? Ou uma decisão que traz liberdade?
Parece-me que publicar um livro é sempre um risco, porque implica uma exposição enorme. Fica-se vulnerável e um pouco indefeso. Sempre senti isso, e este já é o décimo sétimo livro. Não melhorou com o tempo, o que é bom porque significa que se mantém o compromisso e o empenhamento com aquilo que se está a fazer. E o risco está aí: faz-se o melhor que se consegue em cada momento, e pode não ser suficiente. A percepção de liberdade está em ter consciência disso e, ainda assim, avançar.

Algum arrependimento por ter esperado todo este tempo?
Não, nenhum.

Pode parecer que a poesia esteve mais distante do que artes como a música, a ilustração ou a fotografia, com que se foi cruzando, através da escrita.
Nunca tinha escrito poesia, nem sequer na adolescência. Mas ao longo dos anos fui ouvindo comentários sobre os meus textos terem algo de narrativa poética ou prosa poética. Portanto, apesar de distante da poesia, talvez nunca tenha estado completamente ausente no que fui fazendo.

Este é um livro onde, como noutros livros do Paulo Kellerman, se encontram histórias e personagens?
Há elementos que costumam estar muito presentes no que escrevo: a necessidade de contar estórias, a intenção de provocar questões, a importância de despertar emoções. Este livro não é excepção: creio que está repleto de histórias, perguntas e emoções.

A que perguntas se refere o título?
As que me levam a escrever. Se acabarem as perguntas, acaba a escrita.

E depois da poesia?
Quando soube do livro de poesia, um amigo viajante disse-me: agora só te falta escrever literatura de viagens. Talvez, quem sabe?