Abertura

Museu de Leiria prepara a maior renovação desde a reabertura

10 dez 2020 14:19

Desde a inauguração no Convento de Santo Agostinho, a 15 de Novembro de 2015, o Museu de Leiria soma mais de 71 mil visitantes

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Calvário, atribuído a Diogo de Contreiras, c. 1540/1545, óleo sobre madeira proveniente do Convento de São Francisco
Ricardo Graça

Cinco anos depois da reabertura nas actuais instalações, o Museu de Leiria acumula mais de 71 mil visitantes e espreguiça-se frequentemente para fora dos limites do Convento de Santo Agostinho, em projectos que são braços esticados ao encontro da cidade, enquanto dentro de portas se inventa como espaço vivo e multimédia, onde as crianças brincam no claustro como no recreio das escolas mais próximas, investigadores e escritores conferenciam na Sala do Capítulo e bailarinas, actores e músicos se revezam num palco improvisado no meio de paredes com centenas de anos.

Em 2021, entre outras novidades, está prevista a renovação mais efectiva da exposição de longa duração desde a inauguração do Museu de Leiria no Convento de Santo Agostinho, no dia 15 de Novembro de 2015, ou seja, novos conteúdos e museografia, novas temáticas e novas peças na chamada exposição permanente, que, na verdade, vem apresentando mutações e actualizações ao longo do tempo.

Serão adicionados ao percurso assuntos e objectos antes indisponíveis. É o caso de materiais sobre comunidades neolíticas entretanto sujeitos a estudo e restauro, de peças seleccionadas da colecção de vidros e de algumas obras retiradas da reserva que vão surgir em relação com outras já conhecidas do público, a começar por duas pinturas da autoria de Josefa de Óbidos a posicionar com um quadro assinado pelo pai, Baltazar Gomes Figueira, que já se encontra na exposição de longa duração.

A seguir, entrarão trabalhos de Adriano de Sousa Lopes.

O Museu de Leiria acolhe actualmente a exposição temporária Plasticidade – Uma História dos Plásticos em Portugal, que, nos próximos meses, voltará a ser actualizada e a estrear novos módulos. Para a renovação frequente de Plasticidade têm contribuído, por exemplo, obras do artista Nuno Sousa Vieira e peças cedidas pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo MUDE - Museu do Design e da Moda (Foto de Ricardo Graça)

Outro núcleo a ser preparado é fruto das escavações no Convento de São Francisco, que, segundo Vânia Carvalho, coordenadora técnica do Museu de Leiria, produziram “resultados incríveis”, dada a qualidade, diversidade e estado de conservação do acervo arqueológico colocado a descoberto.

“E se tudo correr bem vai ser possível estabelecer um diálogo inclusive com o edifício Moagem Heritage e manter algumas peças lá”, adianta.

Acrescentar, construir, numa lógica de evolução na continuidade no Museu de Leiria prevista desde a primeira hora. Como quem substitui palavras e frases numa narrativa.

“Podemos não gostar da exposição de longa duração, isso não é nada difícil. Daqui a 10 anos outra equipa pode vir e substitui. Isso é substituir vitrines, é substituir tabelas, é substituir iluminação”, argumenta Vânia Carvalho. “O que interessa é ter peças salvaguardadas para o poder fazer e contar outra história. Quando falamos de um museu, esse museu não é uma galeria, não são as peças que estão numa vitrine e que têm uma tabela ou que têm um determinado discurso. É tudo o que está no coração do museu, que são as suas reservas. Porque a história que eu conto agora não é a mesma que vai ser contada daqui a 10 anos. A equipa não é a mesma, as pessoas não querem ouvir a mesma história e não é contada da mesma forma”.

Exposição Jorge Estrela

Arte, numismática e arqueologia montam a viagem que o Museu de Leiria propõe pelo território e identidade de Leiria, desde a pré-história habitada pelo Menino do Lapedo aos meandro artísticos que no século XX viram emergir Lino António, Alex Gaspar ou Sérgio Luís, sem esquecer as novas expressões de cultura que continuam a manifestar-se, agora num novo milénio.

Também em 2021, provavelmente no Verão, será inaugurada uma exposição temporária acerca do historiador de arte Jorge Estrela e do papel que teve no estudo, restauro e classificação da colecção de pintura que hoje faz parte do Museu de Leiria.

Com o título Festa na Aldeia, esta obra é atribuída ao pintor flamengo do período barroco David Teners, o Jovem, que morreu em Bruxelas no ano de 1690. Trata-se de um óleo sobre placa de cobre com 52 por 74 centímetros. O quadro é uma cedência do projecto Novo Banco Cultura ao Museu de Leiria e encontra-se no Convento de Santo Agostinho, integrado na exposição de longa duração (Foto de Ricardo Graça)

Outro objectivo para o próximo ano passa por facilitar a interpretação em circuito expositivo do Convento de Santo Agostinho, que começou a ser construído no final do século XVI. E há o desejo de restabelecer a ligação, no piso térreo, que permite a circulação entre o Museu de Leiria e a Igreja de Santo Agostinho.

Ainda em 2021, a equipa do Museu de Leiria pretende investir numa maior digitalização das colecções e aumentar a acessibilidade do que está exposto e do que permanece em reserva.

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