Sociedade

Mais de 20% dos jovens portugueses não estudam nem trabalham

13 set 2017 00:00

“Números são preocupantes”, alerta sociólogo Elísio Estanque

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Em 2016, mais de um em cada cinco jovens portugueses dos 15 aos 29 anos, ou seja 20,8%, não trabalhava nem estudava, percentagem que é quase o dobro da registada em 2000, quando eram 11% os jovens naquela situação.

Portugal apresenta assim a quinta taxa mais elevada da OCDE no que se refere aos chamados jovens nem-nem, ou NEET, sigla inglesa para Not in education, employment, or training, revela a última edição do relatório Education at a Glance, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

De acordo com o Diário de Notícias, que cita o relatório, a explicação aparente para a subida estará nos adultos entre os 25 e os 29 anos, que são considerados neste estudo mas por norma não constam deste tipo de análise.

No final de Agosto, por exemplo, o Eurostat divulgou dados relativos aos jovens dos 18 aos 24 que não trabalham nem estudam e Portugal surgia com uma taxa de 12%, em linha com a média da OCDE. No final de 2016, era de 11,5%.

O relatório da OCDE indica que a causa das elevadas percentagens de nem-nem não está do lado da Educação, já que entre 2000 e 2016, período em que os jovens portugueses nessa situação passaram de 11% para 20,8%, a taxa dos que estavam a estudar cresceu de 36,5% para 43,3. A questão está na descida, nesse período, dos que estavam empregados, que passaram de 52,6% em 2000 para apenas 35,9% em 2016.

Citado pelo Diário de Notícias, o sociólogo Elísio Estanque aponta algumas críticas ao método da OCDE. Nomeadamente o facto de “combinar dois grupos muito distintos”: jovens dos 15 aos 24, a maioria dos quais a estudar, e jovens dos 24 aos 29. No entanto, admite que, mesmo com estas ressalvas, “os números são preocupantes”. “Numa altura em que a escolaridade está a aumentar e o desemprego a descer, deixam-nos perplexos”, assume.