Sociedade

Luta para defender golfinhos do Sado contra dragagens liderada por bióloga de Leiria

19 dez 2019 08:24

Hoje, há manifestação em frente ao Parlamento contra dragagens

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Raquel Gaspar tem sido uma das faces da luta pela protecção do estuário do Sado
DR
Jacinto Silva Duro

Raquel Gaspar é de Leiria, é bióloga marinha, fundadora da associação ambientalista Ocean Alive, e uma das faces na linha da frente da luta contra as dragagens no estuário do rio Sado e que, segundo especialistas e ambientalistas podem desalojar permanentemente a colónia de golfinhos ali existente e que, pelo seu número é única no Mundo.

Hoje, dia 19, será votada na Assembleia da República uma proposta de resolução que vai recomendar ao Governo que pare com as dragagens no estuário do Sado. "Peço a todas as pessoas do País que não virem as costas e a este problema”, diz a bióloga, que também é bolseira da National Geographic.

Ouvida pelo jornal Público, Raquel Gaspar, que foi uma das pioneiras, em Portugal, da luta contra o plástico no mar e também uma das primeiras a estudar os prados submarinos do Sado, afirma que “não podemos permitir que este estuário seja destruído. É uma das zonas mais belas e mais simbólicas da vida selvagem no nosso País”.

A intervenção no rio prevê o aprofundamento do leito, para permitir que navios de grande porte usem o porto de Setúbal. A Declaração de Impacto Ambiental da Agência Portuguesa do Ambiente deu luz verde às operações, apesar dos alertas ambientais, e prevê a retirada de cerca de 6,5 milhões de metros cúbicos de areias em duas fases.

Raquel Gaspar à direita/Foto:Jacinto Silva Duro

 

Paixão pelo mar e pelos golfinhos
Raquel Gaspar, 49 anos, é de Colmeias, Leiria. Estudou no Colégio Conciliar Maria Imaculada e na Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo.

Foi nesta instituição que o seu professor de Biologia, Costa Reis, haveria de marcá-la e ditar a sua paixão pelo mar. Estudou Biologia na Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa, estagiou num estudo sobre os golfinhos do Sado e o doutoramento foi sobre a dinâmica populacional destes mamíferos.

"Analisei 20 anos de fotografias de barbatana dorsais e tentei perceber qual era o movimento da população, quando aumentava ou diminuía, e tentei modelar isto no futuro. Aprendi que a única forma de proteger os golfinhos era proteger o habitat, as pradarias marinhas. Se ninguém souber que elas existem, ninguém se importará que elas desapareçam."