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Leiria para Totós: De boémio a santo e revolucionário

6 jun 2016 00:00

Aquele canto ajardinado por onde passamos tantas vezes tem uma explicação.

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Diz-se que algumas pessoas parecem invisíveis, mas certos monumentos também. Este é daqueles que todos os dias passam despercebidos, e tem estado condenado ao esquecimento, apesar de homenagear uma figura maior do cristianismo – um boémio que acabou santificado.

Com certeza já ali passaram centenas de vezes, no percurso entre a Avenida Marquês de Pombal, ou o Bairro dos Capuchos, e o centro histórico de Leiria. E se repararam no baixo relevo enfiado entre a Rua de Alcobaça e a Rua dos Mártires, no Largo da Portela, arriscamos que nem o mais fugaz dos vossos pensamentos lhe dirigiram. Até hoje. Vamos lá corrigir tamanha injustiça, que o Leiria para Totós desta semana até consta como património referenciado no Plano Director Municipal.

Ninguém lhe conhece o autor, mas não é por isso que deixa de ter nome: Padrão de S. Francisco. E está ali, naquele lugar, há 67 anos, vejam bem. Conseguimos imaginar a quantidade de gente que espera uma boleia, um amigo para almoçar, uma palavra ou duas durante a conversa de circunstância, sem saber o porquê daquele recanto ajardinado. Como nós próprios na Preguiça, antes deste artigo. Mas agora já podemos vestir o fato do saudoso José Hermano Saraiva e escrever que o conjunto em pedra foi construído no século XVII e colocado no Convento de São Francisco, de onde saiu para o pátio interior dos Paços do Concelho, em 1910, por causa da construção da Companhia Leiriense de Moagem. Em 1949, nova transferência, para a localização actual. 

Quando dizemos boémio, e nascido em berço de ouro, não pensem que estamos a exagerar. É um texto publicado no site da Diocese de Leiria-Fátima que o descreve como rei da juventude, soldado intrépido e famoso animador de festas e banquetes, desejado pelas mais belas moças. Claro que tudo isto antes de mudar de vida, influenciar a Igreja Católica para sempre e inspirar Jorge Maria Bergoglio a escolher o nome Papa Francisco. 

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