Sociedade

José Fabião, guardador de imagens e de sonhos (1920-2017)

21 jan 2017 00:00

O decano dos fotógrafos de Leiria, José Fabião, deixou-nos aos 96 anos

Fotografia: Ricardo Graça/Arquivo
José Fabião
José Fabião
José Fabião
Jacinto Silva Duro

Foi o retratista da cidade de Leiria e arredores, durante quase todo o século XX. Novos e velhos, quase todos temos em casa "chapas" e fotografias “à la minuta”, tiradas por José Fabião, no seu atelier com vista para a Praça Rodrigues Lobo.

Testemunha privilegiada dos mais importantes acontecimentos de quase todo o século XX, é a ele que devemos um registo fotográfico da cidade durante mais de 60 anos.

Mestre da arte e génio dos truques da fotografia, a figura de José Fabião e da sua omnipresente máquina fotográfica a tiracolo, é lendária e faz parte dos anais de Leiria.

É com pesar que, hoje, anunciamos que José Fabião deixou de estar entre nós.

O JORNAL DE LEIRIA, todas as semanas, na rubrica Arquivologia, publica trabalhos de José Fabião, seleccionados por Nelson Melo e Lara Portela, a partir do espólio que o antigo fotógrafo doou à Museu da Imagem em Movimento, de Leiria. Leiria ficou mais pobre.

"Mas Deus leva os que ama; Só Deus tem os que mais ama"
 

Perfil
O olhar atento de Fabião


José da Silva Fabião, nasceu em Sismaria, Marrazes, no concelho de Leiria, a 5 de Dezembro de 1920.

Iniciou-se na actividade fotográfica com o seu tio avô, José Pereira da Silva, aos 12 anos de idade. Aos 19, iniciaria a sua carreira de fotógrafo no seu estúdio, do outro lado do Lis, no Bairro dos Anjos.

Dedicava então uma parte do seu tempo à prática desportiva, tendo sido atleta de basquetebol e de ginástica no Leiria Ginásio Clube. Mais tarde, foi director, durante cinco anos, do Ateneu Desportivo de Leiria.

No decurso da sua carreira profissional, fotografou personalidades das mais diferentes áreas, sendo de destacar as imagens que realizou dos Presidentes da República que visitaram a cidade de Leiria, como o general Carmona e o Presidente da República da Etiópia.

Distinguiu-se especialmente como retratista, para além da reportagem e laboratório, tendo fotografado a maioria da população do concelho de Leiria e dos concelhos vizinhos.

Desempenhou diversos cargos de coordenação regional, como o de delegado no distrito de Leiria do Grémio dos Industriais de Fotografia. Foi correspondente fotográfico, na cidade do Lis, dos jornais Record, Diário de Notícias, O Século e O Primeiro de Janeiro.

Foi director, durante vários anos, do Grémio Literário e Recreativo de Leiria.

Em reconhecimento por uma vida dedicada à fotografia e à imagem em Portugal, ao longo de mais de 60 anos, em 10 de Outubro de 2006, o Ministério da Cultura prestou-lhe homenagem, concedendo-lhe a Medalha de Mérito Cultural.

Reformado e retirado da fotografia, vivia no Lar Emanuel (Gândara dos Olivais), em Leiria.