Saúde

Hospital de Leiria sem urgência de cirurgia de amanhã até segunda-feira

4 out 2023 16:44

Entre 90 a 95% dos médicos vão exercer o direito de recusa legal das 150 horas de trabalho suplementar em Leiria

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A urgência de cirurgia do Hospital de Santo André, em Leiria, vai estar fechada a partir desta quinta-feira à noite, até à próxima segunda-feira de manhã, uma vez que os médicos especialistas recusam exceder as 150 horas de trabalho suplementar.

“Estima-se que, pelo menos, nas restantes sextas, sábados e domingos deste mês, suceda o mesmo”, afirmou Sandra Hilário, dirigente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), em Leiria.

Sandra Hilário revelou, recentemente, que vários clínicos do hospital de Leiria, principalmente das especialidades de cirurgia, cardiologia e pediatria, vão exercer o direito de recusa legal de ultrapassar as 150 horas de trabalho suplementar.

“Entre 90 a 95% dos médicos vão exercer o direito de recusa legal das 150 horas de trabalho suplementar. Na pediatria, todos os colegas estão a exercer esse direito e vai haver oito noites sem cardiologia na urgência”, alerta.

Segundo a médica cirurgiã no hospital de Leiria, na especialidade de medicina interna também “há vários colegas que já entregaram as minutas”.

Por isso, adverte, esperam-se “constrangimentos de cirurgia, sobretudo às sextas, sábados e domingos, provavelmente sem escala de cirurgião para a urgência externa”.

“Na cardiologia é preocupante, porque existem vias verdes, nomeadamente a via verde coronária”, afirma, ao referir que na pediatria tem sido possível realizar escalas, mas sem cumprir “aquilo que a Ordem dos Médicos emanou como recomendação mínima de especialistas na urgência”.

Os constrangimentos esperados estendem-se à urgência de obstetrícia, “que já fechou alguns dias este mês", não só "por não terem vagas de internamento, mas também por falta de pessoal”.

Médicos e utentes pedem melhor saúde
Um grupo de utentes e de médicos manifestou-se na quinta-feira em frente ao hospital de Leiria, exigindo melhores condições.
“A população tem de saber que os médicos estão em luta também por eles. Temos urgências, muitas vezes, a funcionar sem médicos internistas ou só com um especialista e um interno de último ano. Isto não é dar bons cuidados”, constatou Vitória Martins, vice-presidente da FNAM.
Aires Rodrigues, utente, expressou a solidariedade com a luta dos médicos em defesa dos seus salários e das suas carreiras. “Sem os médicos e os outros profissionais de saúde não haverá Serviço Nacional de Saúde como deve ser.” A dirigente sindical Sandra Hilário alertou ainda que a urgência de Leiria vai ter noites sem especialistas de cardiologia, de cirurgia e de pediatria, face à recusa em ultrapassar as 150 horas de trabalho extraordinário.
A situação estende-se à obstetrícia/ginecologia. O Centro Hospitalar de Leiria está a “trabalhar em conjunto com a direcção clínica e as direcções dos serviços para responder às dificuldades inerentes às escalas médicas nos serviços de Urgência”.