Sociedade

Há uma nova ave a nidificar no arquipélago das Berlengas 

23 fev 2021 19:31

Confirmada presença de fuinha-dos-juncos na reserva natural.

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Neste momento, existe o registo de um casal de fuinha-dos-juncos a nidificar
INCF

Uma nova ave começou a fazer ninho na Reserva Natural das Berlengas. Pela primeira vez, foi confirmada no arquipélago a nidificação da fuinha-dos-juncos (Cisticola juncidis), um pequeno passeriforme insectívoro, “cuja presença se faz notar através das vocalizações territoriais características”.

Segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a nidificação foi confirmada recentemente por vigilantes da natureza em serviço na ilha, que “repararam nas pequenas crias a efectuar os primeiros voos em fuga ainda muito desajeitadas”.

Numa nota de imprensa, aquele organismo alega que este é “um resultado da evolução do ecossistema insular após os esforços de conservação dos últimos anos”, nomeadamente através do projecto Life Berlengas, que decorreu entre 2014 e 2019, com o objectivo de criar melhores condições às espécies nativas daquele habitat único, em especial para as aves marinhas.

À Wilder, revista online dedicada ao jornalismo de natureza, o ICNF adianta que, “neste momento, existe o registo de um casal [de fuinhados-juncosa] a nidificar”.

Trata-se de uma ave “bastante pequena”, de “bico fino e curto” e de “cor castanho claro”, com os olhos “envolvidos por uma tonalidade mais clara como se estivesse maquilhada e não possui listas na cabeça nem na nuca”, descreve o portal Aves de Portugal.

Segundo explicou hoje o ICNF à Wilder, a fuinha-dos-juncos terá chegado à ilha por si própria. As Berlengas são “um local de passagem de muitas espécies de aves, nomeadamente durante as migrações”, pode ler-se na Wilder.

“Apesar de ser uma ilha, não se encontra assim tão longe do continente que se torne difícil ou inviável a deslocação de aves, através do voo, até à ilha.” A fuinha-dos-juncos é a segunda ave a começar a fazer ninho nas Berlengas nos últimos tempos.

Em 2019, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) anunciou o nascimento de uma cria de roque-decastro (Hydrobates castro) na ilha, o que aconteceu pela primeira vez desde que há registo.

Classificada como espécie em situação vulnerável, os roques-de-castro eram conhecidos até então apenas na Madeira e Açores e nos Farilhões, grupo de pequenos ilhéus no arquipélago das Berlengas. Agora, está já “bem estabelecido” na Reserva Natural das Berlengas, realça o ICNF.