Economia

Comboios de mercadorias limitados a 19 vagões mas poderiam ser 50

18 out 2023 10:30

Bitola ibérica é a menor das preocupações de quem opera na ferrovia

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Em Portugal apenas um comboio pode transportar até 450 toneladas de mercadorias
DR
Jacinto Silva Duro

Sabia que o sector dos transportes rodoviários é responsável por 28% da totalidade de gases com efeito de estufa e que, até 2030, é necessário reduzir essas emissões em 45%?

Sabia que, em Portugal, apenas um comboio consegue transportar 450 toneladas de mercadorias?

E que, para a mesma quantidade, são necessários 19 camiões, o meio de transporte mais usado no nosso País. Cada camião, liberta no ambiente 20,37 kg de CO2 por quilómetro percorrido?

Num cenário onde os países da União Europeia se preparam para taxar as mercadorias com elevado peso carbónico, seja na produção seja no transporte, o modo de fazer chegar as exportações ao centro da Europa terá orçosamente de mudar, mesmo que, no próximo Orçamento do Estado, o valor das portagens para camiões baixe e as taxas de transporte por comboio aumentem, em completa contradição com o resto das medidas de taxação carbónica do Governo português.

O maior operador ferroviário privado de mercadorias na Península Ibérica, Medway, esteve no Leiria Sobre Rodas, para ilustrar as vantagens da utilização da ferrovia, tanto para o ambiente como para os negócios.

Leiria foi uma das paragens na viagem do contentor verde da iniciativa “Mercadorias na Ferrovia”, pelo País.

A Medway conta com uma frota de 69 locomotivas - 35 eléctricas e 34 diesel -, 2917 vagões e terminais logísticos.

Frederico Fialho, do departamento de Marketing da Medway explicou que os problemas mais urgentes a resolver no transporte de mercadorias por ferrovia em Portugal não se prendem com a bitola ibérica – distância entre carris inferior ao de, praticamente, toda a Europa -, mas com o tamanho das composições, que, devido à pequena dimensão das zonas de cruzamento, permitem 19 carruagens, em vez das 50 no restante continente, implicando mais custos de operação, menor rentabilização e menos mercadoria transportada.

“Por ordem de importância, a seguir temos o problema das pendentes acentuadas, que precisam de ser corrigidas, sob pena de termos de usar duas locomotivas para puxar a composição, em vez de uma. Depois a electrificação das linhas e, por fim, a bitola ibérica”, esclareceu.