Sociedade

“Casa de criança a flutuar num jardim”, a marca do Prémio Pessoa em Leiria

25 jan 2018 00:00

A propósito da recente distinção atribuída a Manuel Aires Mateus, fomos conhecer a House in Leiria, uma casa projectada pelo arquitecto e que já foi capa de várias revistas da especialidade.

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Maria Anabela Silva

Vista de fora parece uma típica casa desenhada por uma criança. A simplicidade do traço está também presente em cada recanto do interior, onde a luz é um elemento essencial. Luz que penetra através dos pátios enterrados, em redor dos quais se desenvolvem as várias divisões.

As áreas íntimas – quartos e casas de banho – estão organizadas à cota da rua, construídas no subsolo e com acesso a pátios privativos. No piso superior, fica a zona social, com as áreas de sala. O telhado é atravessado por uma grande abertura que rompe até ao nível mais baixo, culminado num pátio central.

Falamos da House in Leiria - a ' Casa emLeiria' -, um projecto do conceituado gabinete de arquitectura Aires Mateus, que o JORNAL DE LEIRIA foi conhecer a propósito da recente atribuição do Prémio Pessoa 2017 a Manuel Aires Mateus.

A história da casa começou em 2004, quando os seus proprietários – um casal de professores que, por uma questão de privacidade, pedem para não ser identificados – sentiu necessidade de trocar o pequeno apartamento onde viviam na Avenida Marquês de Pombal, em Leiria, por uma casa um pouco maior.

A ideia seria construir, aproveitando um terreno de família, localizado na freguesia de Pousos. “Sempre me interessei por arquitectura. Um dia comprei uma revista com trabalhos de Aires Mateus e gostei da simplicidade. Fizemos o contacto, mas desde logo os pusemos ao corrente das nossas limitações: não tínhamos muito dinheiro e o sítio do terreno não era muito interessante”, conta o proprietário.

Aos arquitectos pediram “uma casa muito simples, sem ostentação”, com “três quartos, uma sala e um espaço de trabalho” e que os protegesse “um pouco da rua”, dando-lhes “alguma privacidade”. Desejavam ainda uma “casa fora do normal”.

O primeiro impacto com a proposta apresentada foi de “uma certa estranheza”, recorda o professor. “O que queríamos estava lá, mas a forma… Não estávamos habituados. Não são projectos fáceis de se gostar de imediato, nem para mostrar à família. Mas depois entranha-se.”

Manuel Aires Mateus explica que a preocupação foi a de criar “uma casa que fosse o mais casa possível”. Daí, a forma “arquetípica de uma casa de telhado de giz”, como se tivesse sido “desenhada por um miúdo” refere o arquitecto, que sublinha o envolvimento dos donos no processo de “descoberta do projecto”. 

“Com proprietários verdadeira interessantes, como é o caso, é muito mais fácil. O projecto de uma casa descobre-se com as pessoas. Aqui, foi à primeira. Não havia dúvidas. Via-se que estava certo", referere Manuel Aire

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