Sociedade

Anabela Baptista: "A descida do IMI em Leiria em ano de eleições é oportunismo"

6 jul 2017 00:00

Candidata pela CDU à Câmara de Leiria, lamenta que o município não seja capaz de acompanhar, “com os devidos” apoios, a pujança cultural trazida à cidade pelo movimento associativo.

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Maria Anabela Silva

Em 2013, quando se candidatou a primeira vez, disse que o fazia por “um dever cívico, perante a desastrosa gestão do executivo”. Quatro anos depois, esse dever ainda é premente?
A premência da candidatura por essas razão mantém-se. O executivo tem apresentado um saldo de gerência muitíssimo positivo. À partida, seria agradável termos um acumulado que, em Dezembro de 2016, era superior a 38 milhões de euros. Só que, esse saldo reflecte o investimento que não foi feito e significa que as competências do município não estão a ser cabalmente desempenhadas. É imperativo pôr um ponto final neste ciclo e iniciar um novo, de efectivo desenvolvimento do concelho. O saldo [de gerência] tem de ser colocado ao serviço da populações, com a concretização de investimentos necessários.

Que investimentos identifica como prioritários?
A conclusão da rede de saneamento é absolutamente prioritária. Depois, é necessário tirar os grandes investimentos da gaveta e pô- -los em andamento. Havia condições para já se ter realizado o jardim da Almoinha Grande e para avançar com investimento na requalificação dos espaços urbanos, nomeadamente, na periferia da cidade. Refiro, por exemplo, a zona da Gândara dos Olivais, da Maceira ou de Monte Real. Lamento que não tenha havido investimento ao nível dos parques industriais, nomeadamente, de Monte Redondo. Não podemos aceitar que o saldo de gerência do município seja apresentando como um balanço positivo dos mandatos. Positivo seria a melhoria da qualidade de vida das pessoas e do desenvolvimento do concelho.

A maioria socialista justifica o saldo de gerência com o atraso dos fundos comunitários.
É um argumento que não colhe. Os investimentos com fundos comunitários têm uma componente de comparticipação na ordem dos 80%, o que exige do município valores relativamente baixos para complementar o valor total. Era possível fazer alguns dos investimentos que referi, mantendo as candidaturas.

A CDU persegue, há anos, a eleição de um vereador na Câmara de Leiria. Por que é que é importante a CDU estar no executivo?
Estar no executivo permite um efectivo controlo mais próximo e de decisão e dá uma maior capacidade de influência no resultado da gestão da Câmara. A CDU tem feito um trabalho muito significativo na Assembleia Municipal, mas a esse órgão chegam apenas algumas das decisões e já condicionadas pela tomada de posição no executivo. Estar no executivo permitirá um conhecimento mais aprofundado das matérias, que force uma discussão mais acesa e rica.

Quais serão as principais causas que a sua candidatura irá abraçar?
A requalificação do território e a área do urbanismo são fundamentais para o crescimento. Os parques industriais deviam ter sido uma das prioridades de investimento, até para criar diversidade de utilização desses espaços. Não temos estruturas para acolher empresas de determinada dimensão. A Zicofa perdeu muita da sua área de REN para a instalação de empresas. Isso significa que há procura, mas que as empresas que não conseguem encontrar nos nossos parques as condições necessárias para se instalarem. Seria também fundamental termos um parque tecnológico, ancorado no crescimento do Politécnico. Defendo ainda a requalificação dos espaços urbanos, não só na cidade mas também nas freguesias, a dotação de Leiria com um pavilhão dos desportos que pudesse ter outros usos, e uma intervenção profunda do mercado municipal.

Olhando para as freguesias, quais os principais problemas que identifica?
A requalificação urbana é um dos problemas que mais se sente. O potencial de crescimento das freguesias tem sido sucessivamente desaproveitado. Veja-se o exemplo que já apontei do parque industrial de Monte Redondo, mas podemos também referir Regueira de Pontes ou Monte Real. Este último tem sido um território deixado ao abandono e não devia, pelo potencial termal que tem e pelas características urbanas muito próprias. Temos outras freguesias muito deficitárias de investimento, com a falta de qualificação de espaços de lazer e de desporto informal. Nos Marrazes, por exemplo, tarda em avançar o há muito anunciado centro cultural. As freguesias são uma das faces mais visíveis da falta de investimento desta Câmara.

A redução do IMI tem sido uma das bandeiras da CDU na AssembleiaMunicipal, o que veio agora a ser aprovado pelo executivo. O que pensa do argumento da maioria socialista que alega que só agora havia condições financeiras para aliviar a carga fiscal?
A apresentação de resultados muito positivos de saldo de gerência é a prova de que havia condições para essa redução ter sido feita muito mais cedo. Como se pode dizer que não havia condições com um saldo superior a 38 milhões de euros? O aparecimento desta medida em ano de eleições é oportunismo. Sendo uma medida que tem defendido, é claro que a CDU fica satisfeita com esse benefício para os cidadãos.

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