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A desafortunada Dona Mécia inspira o teatro sonoro que se estreia hoje em Ourém

24 jun 2023 12:30

A nova produção disponível no castelo de Ourém conta com a actriz Maria João Luís e é assinada por Tiago Correia

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A rainha terá estado presa na torre do castelo de Ourém, por volta de 1246
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A actriz Maria João Luís dá voz à rainha e interpreta a peça de teatro sonoro que é estreada hoje no castelo de Ourém.

A Partida de Mécia é um audiodrama com texto original e direcção artística de Tiago Correia, que tem no centro Mécia Lopes de Haro, rainha consorte de Portugal que, depois de raptada, terá estado presa na torre do castelo de Ourém, por volta de 1246.

A estreia, neste sábado, 24 de Junho, está agendada para as 14:30 horas, precisamente, na Torre Dona Mécia do castelo de Ourém.

“Presa na torre, Mécia passa os dias à janela. No que se anuncia como o seu último dia de cativeiro em Ourém, Mécia entrega-se a uma meditação profunda sobre a sua vida e a sua condição, através da recordação da partida de xadrez em que, ainda jovem, aprendeu a jogar com as velhas regras árabes”, lê-se na sinopse.

Com música original de André Júlio Teixeira e sonoplastia de Vasco Rodrigues, o audiodrama é uma produção A Turma e promete uma experiência sonora imersiva.

Segundo a informação distribuída pelo Teatro Municipal de Ourém, Mécia foi bode expiatório para todos os problemas do reino e acabou banida e difamada. A viagem sonora ficciona e recupera a sua voz, alimentando-se do mistério que envolveu a sua existência.

Afonso X, o Sábio, o infante que viria a ser rei de Castela e Leão, foi um grande impulsionador cultural da época, deixando como legado uma das primeiras grandes obras sobre o xadrez - O Livro dos Jogos ou O Livro do Xadrez, Dados e Tabuleiros. Cresceu com Mécia na corte castelhana e esta viria a perfilhar o seu filho, o que demonstra a especial relação de cumplicidade e afinidade entre ambos. Assim, porque as regras do xadrez são um espelho dos tempos e data desta altura o início do aparecimento da rainha (peça) nos tabuleiros da Europa medieval, parte-se desta analogia para reflectir sobre o papel da mulher na idade média, sugerindo que a própria Mécia poderá ter dado um contributo essencial para a evolução das regras do xadrez - e da condição feminina - ao longo dos tempos”, indica a nota de divulgação.

“Rainha consorte de Portugal, por intermédio do seu casamento com o Rei Dom Sancho II, Mécia Lopes de Haro foi enredada numa teia de conspirações que envolveu as mais altas figuras do clero e da nobreza portuguesas, o papa e o próprio irmão do rei - Afonso, Conde de Bolonha -, que usou todos os meios ao seu alcance para enfraquecer, humilhar e destituir o irmão e ascender ao trono, o que veio a culminar na guerra civil de 1245, na destituição do matrimónio real e no consequente rapto de Mécia, que terá estado presa na torre do Castelo de Ourém, por volta de 1246”, esclarece a resenha histórica.

Apesar de Afonso X, o Sábio, infante de Castela e Leão e primo direito de Mécia, com quem cresceu e manteve durante toda a vida uma relação de grande afinidade, ter vindo com as suas tropas em auxílio de Sancho II, o rei deposto viria a fugir do país, exilado, em 1247, acabando por morrer um ano depois em Toledo, sem deixar descendência e sem ter voltado a ver a mulher que, ao que diz a história, amou perdidamente”, lê-se.