Entrevista

Entrevista | Fernando de Almeida: "A vacinação é, claramente, uma opção do cidadão"

20 abr 2018 00:00

Presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, frisa que “a vacina protege” e sobre a legionella avisa: temos de aprender a conviver com a bactéria, porque “ela vai andar por aí”.

Maria Anabela Silva

Estão já confirmados mais de 100 casos de sarampo em Portugal, incluindo pessoas que estavam vacinadas. Temos aqui uma nova realidade, de a vacina não nos proteger da doença?

É preciso sublinhar que a patologia que acontece é muito frustre. Não apresenta problemas de maior. Nalguns casos, os internamentos acontecem só por precaução. Ou seja, a doença nas pessoas que foram vacinadas não tem tanta gravidade, precisamente porque estão protegidas pela vacina. A vacina protege. O que acontece é que, quando deixamos de contactar com o vírus ou contactamos menos, há alguma baixa de anticorpos. O benefício não se vira contra o feiticeiro, mas cria alguma dificuldade.

Por que é que isso acontece?

Antigamente era comum ter sarampo. Eu tive e, por isso, estou 100% imune. A maior parte das pessoas que estão vacinadas não tiveram sarampo. Ou seja, não beneficiam dessa grande imunização. Por outro lado, o vírus está ausente de Portugal desde 2009, o que significa que circula cada vez menos. Ao contactamos menos com ele, não vamos fazendo nenhuma resposta ao vírus. Vamos perdendo memória e os anticorpos vão baixando. Isto passa-se tanto em Portugal como em França, no resto da Europa e em todo o mundo. Não devemos dramatizar. Os casos que temos tido são importados e, na maioria das situações, em pessoas que não estavam vacinadas. Nos casos de pessoas vacinadas, que desenvolveram sarampo por baixa de anticorpos, a doença é perfeitamente benigna.

Não teme que, o facto de a doença estar atingir pessoas vacinadas, dê força aos movimentos anti-vacinação?

As pessoas já não se lembram, mas, há uns anos, quem não estava vacinado tinha sarampo e morria. Hoje, se estivermos vacinados e mesmo assim apanharmos a doença, esta é benigna. Os casos que foram internados, foram-no por precaução ou porque a pessoa tinha um problema de imunodeficiência ou outro associado. Além disso, as pessoas vacinadas não transmitem a doença. Se não tiverem a vacina, podem apanhar, podem morrer e podem transmitir. Isto está nas mãos das pessoas. A política do Ministério da Saúde passa por não sermos nem proibicionistas nem obrigacionistas.

A vacinação deve ser obrigatória?

Não concordo com a obrigatoriedade. A vacinação é, claramente, uma opção do cidadão, embora defenda que as pessoas o devam fazer. Obrigar, não. Devemos aproveitar todas as oportunidades para promover a vacinação. Quando alguém vai fazer o exame médico para a carta de condução, deve-se perguntar como está o boletim de vacinas. As escolas têm sido um exemplo muito positivo desta acção pró-activa, com o controlo do cumprimento do plano de vacinação aquando do momento da matr&iac

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