Entrevista

Laborinho Lúcio: “Não temos de travar o progresso, mas temos de ter poder sobre ele"

22 fev 2024 08:00

A propósito do seu último livro, o ex-ministro recua à infância e adolescência vividas na Nazaré e aos anos de magistratura. Fala do estado da Justiça e do risco de nos deixarmos dominar pela tecnologia.

Maria Anabela Silva

Acaba de publicar A vida na selva, o seu quinto livro de ficção. Já se sente um escritor? 
Quando lancei o primeiro romance, em 2014, disse que queria ser escritor, porque era um desafio, que assumia com a responsabilidade de o tentar fazer com alguma qualidade. Passados estes anos, tenho publicados quatro romances e este, que é, no fundo, um livro de crónicas. Nessa medida, posso dizer que sou escritor, sem com isso fazer qualquer qualificação da minha competência de escrita.  

Escolheu para título do último livro o mesmo que deu a uma redacção que fez na escola. O que é que abordava nesse texto? 
Foi escrito no primeiro ano do liceu, em Alcobaça, na disciplina de Português. Punha os animais a terem conflitos e relações de proximidade entre si e acabava com a chegada do rei, o leão, que punha ordem na casa. No dia seguinte, ao lê-la na aula, apercebi-me que os colegas estavam muito calados e atentos a ouvir a história. Quando terminei, a professora disse que não tinha sido eu a escrevê-la. Fiquei furioso. Os outros colegas riram-se. Fiquei sempre com esse sentimento de injustiça. Ao escrever agora um livro de crónicas, que tem muito a ver com o nosso tempo, achei que não havia melhor título do que a A Vida na Selva. É realmente aquilo que estamos a atravessar pelo mundo fora. O título serve para recordar essa situação e, ao mesmo tempo, para a projectar para os dias de hoje. 

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