Entrevista

Alexandre Meireles: Características inatas não garantem sucesso na actividade empresarial

16 fev 2021 14:19

O presidente da ANJE frisa que uma das preocupações dos jovens empresários é a lentidão no processamento dos apoios, que só produzem efeito se chegarem rapidamente às empresas

´"É absolutamente crucial que os novos apoios cheguem rapidamente à tesouraria das PME"
DR
Raquel de Sousa Silva

Os últimos dados da consultora Informa D&B revelam que em 2020 a criação de novas empresas caiu para 37.558, uma redução de 24% face ao ano anterior. É uma descida preocupante?
É naturalmente uma descida preocupante, na medida em que significa menos iniciativa empresarial, menos investimento privado e menos projectos de empreendedorismo. Ora, tudo isto penaliza a criação de valor e emprego pela nossa economia. Mas este menor dinamismo empresarial é explicado pela pandemia e, em particular, pelas restrições às actividades económicas impostas pela necessidade de conter a propagação do vírus. Não era expectável que em 2020 se criassem mais empresas do que em anos anteriores. Tanto mais que os sectores mais dinâmicos dos últimos anos, como a hotelaria e a restauração, são precisamente os mais afectados pela crise sanitária.

 

Acredita que 2021 poderá ser um ano de nascimento de um maior número de empresas? Porquê?
Sim, acredito que haverá uma retoma da iniciativa empresarial e do investimento privado já este ano, o que se traduzirá na criação de mais empresas em relação a 2020. A vacinação em larga escala contra a Covid-19, e consequente desagravamento da pandemia, vai permitir o regresso da liberdade económica e estimulará fortemente a procura e, por arrasto, o investimento. De resto, os níveis de poupança dos portugueses estão altos, o que acabará por se traduzir em mais consumo e investimento. Logo, em mais actividade económica. Além disso, é previsível que, no segundo semestre do ano, as empresas e os empreendedores tenham já acesso à nova geração de fundos europeus, podendo, por esta via, serem alavancados novos negócios. Importa, contudo, criar um ambiente mais favorável à iniciativa e ao investimento, o que passa, por exemplo, por estímulos fiscais, apoios à capitalização, eficiência e celeridade administrativa e incentivos à transição digital e energética. 

 

O espírito empreendedor, a vontade de arriscar num negócio próprio, nasce com a pessoa ou aprende-se?
Para se ser empreendedor, não basta ter os traços de personalidade adequados, como a determinação, a perseverança, a abnegação, a disposição para o risco ou o inconformismo. Embora sejam importantes, estas características pessoais, e por vezes inatas, não garantem, à partida, um desempenho de sucesso na actividade empresarial. O actual nível de sofisticação e competitividade da actividade empresarial faz com que o conhecimento e a capacidade para traduzir esse conhecimento em gestão, inovação e tecnologia sejam os principais atributos dos empreendedores de sucesso. Depois, há também que saber criar e mobilizar equipas, conhecer o mercado e ter uma visão estratégica do negó

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