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A viagem da ESAD.CR até Londres, com passagem pelas galerias Tate

19 mai 2016 00:00

Nélson Crespo coordena o programa de estudos 4D na maior universidade de artes da Europa.

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Da licenciatura na ESAD.CR para a capital do Reino Unido, o percurso de Nélson Crespo é daqueles em que o protagonista corre atrás do sonho e no fim acaba premiado.

Residente na cidade britânica desde 2003, hoje coordena o programa de estudos 4D da Central Saint Martins, ou seja, tudo o que tem a ver com o ambiente digital nas áreas do cinema, vídeo, animação e novos media.

A faculdade pertence à Universidade de Artes de Londres, que se diz a maior da Europa no seu métier. Mas antes, o artista visual e professor com raízes em Óbidos já tinha estado oito anos na equipa de curadoria e conservação das galerias Tate – o bilhete para trabalhar em algumas das exposições mais importantes exibidas em Inglaterra entre 2004 e 2012.

E o que anda a fazer uma pessoa tão ocupada, além de falar ao telefone com o Jornal de Leiria? A produção recente é uma espécie de pintura mixed media, que parece mais escultura do que imagem a duas dimensões.

Nélson Crespo aproveita para questionar o politicamente correcto na relação do Homem com o planeta, e, sobretudo, com aquilo a que os ingleses chamam wilderness.

"Tem-me interessado muito a representação da Natureza e a ideia um bocado romântica que existe sobre o estado selvagem", afirma.

"Acredito que a noção de reserva natural é um conceito humano que não reflecte a realidade. Por exemplo, o parque de Yellowstone [nos Estados Unidos] foi criado pelo Homem, e o impacto do Homem no início foi devastador. O humano não pode ser excluído da Natureza, tem de coexistir", conclui.

Seria fácil ver no especialista em 4D da Central Saint Martins um dependente das novas tecnologias, mas Nélson Crespo está longe de se definir como artista digital. Utiliza as técnicas no processo, sim, mas o produto continua a ser, no essencial, analógico.

Diz mesmo que "há uma certa crise na produção, na forma como os artistas se expressam, porque o digital levanta questões diferentes do físico", mas também encontra na internet e redes sociais "oportunidades para divulgação do trabalho que há 15 anos não existiam".

Tudo somado, "vê-se muito o utilizar a tecnologia pela tecnologia", mas, em simultâneo, "projectos muito bons", que são, na verdade, novos caminhos para a arte, esculpidos com novas ferramentas.

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