Economia

Tão tecnológicos como os alemães e mais cooperantes do que os espanhóis

4 out 2018 00:00

Semana de Moldes | Termina hoje o evento que nos últimos quatro dias juntou na Marinha Grande centenas de empresários, investigadores, dirigentes associativos e media de vários países, para reflectir e partilhar conhecimentos sobre esta indústria

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Daniela Franco Sousa

A indústria portuguesa de moldes está a tornar-se cada vez mais moderna. Com empresas que estão ao nível das suas congéneres alemãs e, nalguns casos, até uns passos à frente. Esta é a perspectiva de Barbara Schulz, jornalista alemã e correspondente europeia em revistas norte- americanas sobre moldes, fabrico aditivo e sobre outros temas de cariz industrial.

Barbara Schulz, que tem feito viagens regulares a Portugal nos últimos cinco anos, é uma das jornalistas estrangeiras que desde segunda-feira está de visita a várias empresas do cluster, na Marinha Grande e em Oliveira de Azeméis, no âmbito da Semana de Moldes 2018, uma iniciativa organizada pelo Centimfe, pela Cefamol, pelo IPLeiria, Open e Pool-net, com o apoio do JORNAL DE LEIRIA.

Depois da visita à KLC, na Marinha Grande, a repórter explicou ao nosso jornal que já esteve na região noutras ocasiões e que, à medida que o tempo passa, vê a indústria de moldes a tornar-se cada vez mais moderna. “Não conheço a realidade de todas as indústrias de moldes e de plásticos, mas, daquelas que vi, considero que são, sem dúvida, indústrias modernas, que incorporam alta tecnologia, tal como fazem as indústrias alemãs deste sector”, contava a jornalista.” E até existem [na Alemanha] alguns fabricantes de moldes que estão “uns passos atrás do que vemos aqui”, acrescentava a correspondente.

Este nível, justificava a jornalista, pode ser explicado pelo facto destas empresas terem como principal cliente a indústria automóvel, que é uma indústria muito exigente.

Durante a visita à KLC, empresa dedicada à transformação de matérias plásticas, Rui Féteira, director comercial, apresentava à comitiva uma indústria de cariz exportador (o mercado externo absorve 70% da sua produção), muito orientada para o exigente mercado automóvel (95%) e que, ao longo de 25 anos, tem apostado na incorporação de tecnologia cada vez mais sofisticada. Apresentava uma KLC onde as preocupações ambientais estão cada vez mais presentes nos investimentos realizados. E onde a preocupação é crescente também na formação das pessoas, a quem se quer proporcionar as melhores condições de trabalho e de saúde.

Com 120 colaboradores, um volume de negócios na ordem dos 8,1 milhões de euros e clientes (directos e indirectos) como a BMW, a Porsche, a Bentley ou a Volkswagen, a KLC também impressionou Nerea Gorriti, redactora chefe da revista Plasticos Universales, de Espanha, e ainda Belén Silves, repórter na Toolmaker, uma revista de moldes, ferramentas e afins, que também tem sede no país vizinho.

Tambem o grupo empresarial que se seguiu impressionou a comitiva. Dedicada ao fabrico de moldes para vidro, a Intermolde mostrou de que forma tem vindo a substituir linhas de produção por equipamentos da mais recente tecnologia, capazes de congregar várias etapas do processo produtivo. Um salto de inovação que a empresa da Marinha Grande está a saber fazer, aproveitando o conhecimento acumulado ao longo de décadas de actividade. Exportadora (70% da produção), altamente empregadora (cerca de 200 colaboradores), com um volume de negócios na ordem dos 17,5 milhões, a Intermolde quer aumentar o volume de negócios do grupo para 20 milhões nos próximos quatro anos, uma nota de optimismo que impressionou as jornalistas.

No final das visitas, Nerea Gorriti confessou já ter visitado outras empresas portuguesas no âmbito de edições anteriores da Semana deMoldes. “Fico sempre surpreendida com a tecnologia. Não é fácil encontrar este tipo de empresas em Espanha”, explicava a jornalista. Nesta região de Portugal, estão muito mais concentradas no espaço, dizia Nerea Gorriti. E não só. “Além de serem concorrentes, também cooperam. Já em Espanha o espírito é sobretudo de competição”, comparava a repórter. É surpreendente que tenham planos para aumentar a produtividade e para crescer tanto a médio prazo. São óptimas notícias”, referia.

Para Belén Silves, que está pela segunda vez na Marinha Grande, também “foi muito interessante ver que existe um número tão grande de indústrias localizadas neste concelho”. Aqui, há um número impressionante de empresas modernas, que investem muito na robotização, ao mesmo tempo que há indústrias um pouco mais tradicionais, que têm grande know how e que estão em fase de transição para uma situação mais mecanizada. Aqui dá para perceber que indústria 4.0 não é só um chavão”, rematava Belén Silves.

A pergunta foi colocada quase de imediato pela comitiva de jornalistas estrangeiras. “É fácil encontrar recursos humanos?”, perguntavam as repórteres, salientando que a falta de mão-de-obra tem sido o calcanhar de Aquiles das indústrias nos seus países de origem. Face à resposta afirmativa dos empresários, que justificaram que o seu trabalho tem passado por formar colaboradores em ambiente de trabalho e por estreita colaboração com escolas e politécnicos, Barbara Schulz reportou que os alemães estão a tentar captar jovens quando estes ainda se encontram nas escolas.

A ideia, contava a correspondente, passa por fazê-los escolher carreiras nas áreas das engenharias e, depois, tentar encontrar várias formas de os manter nas empresas. “O mesmo que vocês já estão a fazer”, comparava Barbara. Em Espanha, referia Bélen, encontrar pessoas qualificadas é uma queixa frequente dos empresários.

Muitos jovens fazem licenciaturas, mas não são cursos relacionadas com este tipo de indústria, aponta a jornalista. Embora frequente feiras e encontros do sector de moldes em Espanha, Bélen conta ter visto pela primeira vez, na semana passada, uma iniciativa onde empresas entravam em diálogo com os estudantes. Esta não é uma prática tão comum em Espanha como revela ser nesta região, frisa a jornalista.

Caldeira Cabral
Mão-de-obra: um problema com solução internacional

Em representação da organização da Semana de Moldes 2018, Nuno Silva, presidente do Centimfe, inaugurou o evento salientando tudo o que a indústria conseguiu alcançar: “um crescimento superior a 100% numa década, exportações para 86 países, integração de mais de três mil colaboradores qualificados”, além do grande nível de modernização e de envolvimento de universidades, politécnicos e outros centros de saber. No entanto, também salientou a redução da taxa demográfica em Portugal e na Europa, bem como a dificuldade em captar, integrar e fixar pessoas nas indústrias, como um dos grandes desafios deste sector. À margem do encontro, Manuel Caldeira Cabral apresentou soluções. O ministro da Economia defendeu que “a inovação é maior quando pequenas, m&ea
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