Opinião

Splash

11 abr 2019 00:00

Houve um dia em que lhe falaram da piscina oceânica. E o seu ondear agitou-se.

Era uma onda feliz. Vivia tranquila no seu canto do oceano, onde ia e vinha, porque era esse o seu trabalho: ondear.

Aos fins-de-semana, passeava pela praia e assistia ao pôr-do-sol, adormecia ao luar ou seguia o trajecto de algum barco que lhe despertasse a curiosidade.

Nalguns dias de maior melancolia, divagava ao acaso em busca de alguma garrafa que alguém tivesse lançado ao mar, escondendo lá dentro uma mensagem rabiscada a lápis numa folha velha; nunca encontrara nenhuma mas gostaria de iniciar uma colecção.

Por vezes subia pelo rio acima e passeava à beira das margens, espreitando as árvores e escutando os pássaros; depois regressava ao seu canto do oceano e pensava nos locais que ainda iria conhecer. Houve um dia em que lhe falaram da piscina oceânica. E o seu ondear agitou-se.

Apesar de toda a sua vida ter vivido na água, nunca dera um mergulho. A verdade é que tinha medo de alturas. Mas o seu sonho mais secreto sempre fora voar; sentir-se suspensa no ar; sem chão.

Como os pássaros que via quando passeava pelo rio. Pensava: talvez seja tempo de vencer o medo de alturas, talvez seja o momento de arriscar. ("Quem não arrisca, não chuvisca", dizia a sua avó.)

Todos os dias se lembrava da piscina e da possibilidade de concretizar um dos seus muitos sonhos (era feita em partes iguais de água e sonho); até que certa manhã foi finalmente à piscina. Gostou de ouvir os risos das crianças, de surpreender as conversas preguiçosas dos adultos.

Aquilo que mais admirava nas pessoas era o facto de terem mãos. Podia tocar o mundo, pod

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