Opinião

Revolução cognitiva

12 jan 2017 00:00

Não posso iniciar as crónicas de 2017 sem abordar, ainda que superficialmente, o estado da nossa dívida pública, ora a passar os 130% do PIB, e bem assim comparar o seu diferencial com a última década do final do século XX; já então nos 50,3%.

 Portanto, a dobrar o cabo das misérias. Também, mais ou menos, pelos finais da última década do século XX – quando ainda estava nas minhas faculdades de locomoção - fui a Kingston (capital da Jamaica) a meus olhos um país tão distante quanto mítico.

E aí fui, repito-me, apreciar ao vivo “o reggae”, bem como ainda o pensamento do seu músico maior, Bob Marley, com o seu emancipate yourself from mental slavery, emancipate da escravidão mental, mas também a sua economia assente no turismo que enganadoramente, supúnhamos, rudimentar.

E ainda para cotejarmos o seu PIB provindo essencialmente das actividade turísticas, pois. Enquanto isso, é bom lembrar que a distribuição da riqueza – agora enfatizados como patrimónios acumulados – foi sempre uma das questões quentes no seio das famílias portuguesas; quem herda o quê!

Porém, aos tempos de hoje o que mais se discute é a crescente dívida pública. Em vez de riqueza acumulada, discute-se a dívida pública que neste momento já vai para além dos 130% do PIB.

O tempo passa (voa) e inevitavelmente - dado o exponencial crescimento da dívida pública - reflicto no futuro, e francamente antevejo um futuro muito, muito sombrio, pese embora não termos patrimónios tangíveis para partilhar, teremos, com toda a certeza, muita dívida.

Mas temos um património intangível (não temos “reggae”, mas temos o nobel património da humanidade: o “nosso fado”). A tais patrimónios há quem chame de afectos (pura psicolinguística) – acham que a coisa vai de vento em popa, não obstante o continuado aumento da dívida pública.

E acaso, pagaremos as contas com afectos. Ou estaremos a viver uma nova era: a escravatura dos afectos?

*Mestre em Gestão
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