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Oficina mostra criação de joalharia ao vivo no centro histórico de Leiria

28 out 2017 00:00

Sandrine Vieira. Peças de joalharia exclusiva, Jóias da Cidade e de acordo com gostos pessoais

Sandrine Vieira (Fotografia: Ricardo Graça)
Sandrine Vieira (Fotografia: Ricardo Graça)
Sandrine Vieira (Fotografia: Ricardo Graça)
Sandrine Vieira (Fotografia: Ricardo Graça)
Sandrine Vieira (Fotografia: Ricardo Graça)
Sandrine Vieira (Fotografia: Ricardo Graça)
Sandrine Vieira (Fotografia: Ricardo Graça)
Jacinto Silva Duro

Quer saber como são feitos anéis, colares, brincos e outras peças de joalharia, mas nunca teve a oportunidade de visitar uma verdadeira oficina de joalheiro? Está com sorte.

Em Leiria, pode ver ao vivo como se solda prata e ouro, produz fio ou criam encaixes para pedras preciosas. É que a designer e joalheira Sandrine Vieira abriu um espaço, onde trabalha ao vivo, em Setembro, junto à Travessa da Misericórdia.

A “Oficina de Joalhia Contemporânea” está situada "estrategicamente" ao lado da Igreja da Misericórdia e nas proximidades da Casa dos Pintores, em Leiria, locais que, desde abriram portas em Julho, transformados em Centro de Diálogo Intercultural (CDIL), se transformaram em locais muito procurados por turistas.

No novo estabelecimento de Sandrine Vieira, podem encontrar-se diversos trabalhos das suas colecções de autor em joalharia contemporânea e peças do seu projecto Jóias da Cidade, que usa os símbolos de Leiria, como os corvos ou o castelo e os transforma em peça preciosas e únicas.

Aliás, a localização no que foi o antigo bairro judeu de Leiria e a proximidade ao local onde, há séculos, existia a sinagoga, levaram a artista a conceber uma nova peça, dentro desse projecto. "Pela importância da igreja na história local e por aquilo que ela representa, pensei seriamente no assunto e tenho uma ideia bem definida daquilo que vai ser a nova jóia. No início do ano, estará pronta para mostrar ao público", diz.

No novo espaço, embora continue a dois passos da rua direita, onde tinha o espaço Jóias da Cidade, a diferença em termos de público é grande. Mais perto das zonas mais visitadas, em especial da Praça Rodrigues Lobo e do CDIL, por vezes, a joalheira dá por si a ser observada pelos olhos ávidos de interesse de turistas, que a observam através da grandes paredes de vidro, enquanto trabalha em novas peças de joalharia e manuseia o maçarico de soldar.

"Como a maior parte da oficina está à vista, as pessoas ficam encantadas com as máquinas e a ver-me trabalhar, especialmente com o fogo", conta, adiantando que há quem, levado pela curiosidade, adentra pela oficina para falar sobre o labor criativo que está a testemunhar e experimentar peças de joalharia contemporânea.

Custou-lhe sair da rua direita de Leiria, para abrir o novo conceito de oficina - "não é um atelier" – mas, "a rua direita morreu". "Já morreu há muitos anos, mas mantive-me lá, de portas abertas, durante muito tempo, porque acreditava que ela teria capacidade de 'ressuscitar', no entanto, percebi que isso não é possível. Não passam pessoas, é uma rua escura e sem visitantes."

Uma oficina que é como a alta costura
Sandrine Vieira aceita encomendas de jóias e acessórios, criados a partir de desejos dos clientes, aos quais dá um toque da sua própria criatividade. "Quando me procuram, sabem que querem um anel, uma aliança, um colar, uns brincos ou um alfinete, mas nunca têm bem definido o que pretendem.

Normalmente, dou uma ajuda e faço propostas de peças, a partir dos seus gostos e após falar um pouco com eles." Terminada esta etapa, a artesã esboça, em desenho, algumas propostas que são analisadas em conjunto. "Há um estudo grande, até chegar à peça final e é tudo acompanhado como se estivéssemos num alfaiate ou gabinete de costura, ou de alta costura, neste caso."

Se preferir gastar menos tempo na busca da jóia ideal ou se não tiver paciência para o processo de criação de uma peça exclusiva, a joalheira criou várias colecções únicas, desenhadas, que ajudam a uma compra directa e mais imediata.

Jóias da Cidade embelezam cidades portuguesas
Jóias da Cidade é um projecto da autoria de Sandrine Vieira que tem como objectivo imortalizar e divulgar localidades como Leiria junto do público e, em especial dos turistas.

A marca foi criada há três anos, com uma loja física, na rua direita, que abriu há um ano, mas após ter recebido um bom acolhimento por parte das entidades locais, numa cidade onde os turista nem sequer conseguem encontrar um postal ilustrado para enviar para casa e dar a conhecer Leiria, a artista viu o apoio ser-lhe retirado.

"Há uma ausência de turistas em Leiria. Há alguns, as coisas estão a mudar, mas são poucos. A minha marca está muito completa e qualquer cidade teria orgulho nela." A criativa, não baixou, porém, os braços e esforça-se por dar a conhecer a cidade-natal.

Sandrine continua a indicar aos magotes de visitantes que saem do Centro de Diálogo Intercultural o caminho para a Casa dos Pintores, já que, ao fim de quatro meses, continua a não existir qualquer sinalética ou informação visual sobre a localização dos novos espaços expositivos do centro histórico, e envidou esforços para que outras localidades abraçassem as suas Jóias da Cidade.

O esforço rendeu e, no início de Janeiro, haverá novas “peças alusivas à cidade”para um destino turístico e histórico da região. "Já apresentei o projecto noutras cidades e a marca vai criar novas jóias."

 

Perfil
Joalheira do inusitado

A designer Sandrine Vieira, nasceu em Paris, mas vive e trabalha em Leiria, cidade para foi viver ainda pequena. Licenciada em Design Gráfico e Ilustração pela ARCA, Coimbra, e formada em joalharia, na Contacto Directo, é uma artista com um longo percurso artístico e profissional.

Aprendeu Cinema de Animação, antes de se dedicar à experimentação e criação dos seus próprios processo de fabrico de peças de joalharia. Nas suas mãos, a Lei de Lavoisier faz todo o sentido, nada se perde e tudo de transforma. Tem participado em exposições individuais e colectivas, e, em nome próprio, as mostras de joalharia.

Integrou uma exposição de joalharia na Casa-museu Marta Ortigão Sampaio, e representou Portugal internacionalmente, na Fitur, Madrid. Participou na mostra de joalharia Useless, na Experimenta Design e na Bienal Ibero- -Americana de Design.

No seu currículo, podemos ainda encontrar um relógio desenhado para a multinacional Kit Kat e vários artigos sobre as suas obras em publicações de renome internacional. Por duas vezes consecutivas, foi seleccionada e publicada na editora Lark Books.

Os seus trabalhos foram adquiridos por importantes espólios de coleccionadores particulares, mas também por instituições públicas como o Instituto Politécnico de Leiria e o MUDE - Museu do Design e da Moda.