Sociedade

O que vêm fazer os turistas do Airbnb a Leiria?

15 jun 2017 00:00

Chegam do Brasil, da Rússia, da Austrália, dos quatro cantos do mundo. Graças ao poder da internet, cada vez mais estrangeiros escolhem a região para passar férias, e com eles cresce o negócio do alojamento local.

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Quarta-feira, 21h30, Praça Rodrigues Lobo. Roeland e Susanne, um casal holandês, juntam-se ao grupo que semanalmente ali se reúne para correr e caminhar pela cidade. Chegaram hoje e ficam apenas uma noite, numa casa reservada através do Airbnb.

Queriam ter uma panorâmica geral da cidade e o anfitrião aconselhou-os a participar na Brisas do Lis Night Run. Estão divertidos a fazer um vídeo do aquecimento para partilhar via WhatsApp com quem os recebeu.

No dia seguinte, chega o relatório: «Adorámos! Conhecemos um pouco da cidade, e alguns locais com quem acabámos por jantar num dos restaurantes da zona histórica. Mas qual o motivo da festa de ontem?».

Roeland e Susanne não sabem que “há festa” todas quartas-feiras e ficam surpreendidos com a revelação. «Really?» pisca o WhatsApp.

São eventos que por si só não atraem turismo, mas que agradam, e muito, a quem está de visita à cidade. Foi o que aconteceu a uma família russa, de Petropavlovsk- Kamchatsky, na última edição do Há Música na Cidade.

Deixaram a rodoviária com intenção de fazer rodar as malas até ao apartamento que tinham reservado via Airbnb, mas ficaram retidos logo ali, junto ao Jardim Luís de Camões, por um dos concertos e pela magia que envolve a cidade durante aquele fim-de-semana.

«Como é que uma cidade tão pequena tem tanta animação?», perguntam ao anfitrião, depois de um pedido de desculpas pelo atraso. Traziam consigo um íman da cidade natal para oferecer e no final deixaram um bilhete a pedir desculpa pela toalha tingida numa aventura de madeixas domésticas.

Fim de tarde, mensagem de WhatsApp: "os meus pais estão atrasados pelo menos umas duas horas! Saíram da auto-estrada e andam algures por umas montanhas. Não conseguem ligar o GPS e eu estou a tentar orientá-los pelo Google Maps a partir da Polónia. Depois disto quem precisa de férias sou eu!".

A mensagem é de Maria, uma polaca que viveu em Portugal e gostou tanto que convenceu os pais a viajar pela primeira vez para fora da Polónia.

Tratou de tudo, reservou dormidas pelo Airbnb, e incluiu Leiria «pela centralidade entre Lisboa e Porto e pelos pontos de interesse próximos, como Fátima», explica via WhatsApp, enquanto traduz a comunicação à chegada dos pais para check in. Existem histórias de todos os quadrantes geográficos, como a de um casal australiano na casa dos 70 que veio parar a Leiria porque ouviu falar das ondas gigantes da Nazaré.

Pesquisaram por alojamento no Airbnb e foi em Leiria que encontraram uma casa que lhes agradou e que parecia ser uma boa opção para conhecer cidades como Batalha e Alcobaça, bastante promissoras do ponto de vista dos mosteiros e da história.

Foi também a plataforma do Airbnb que trouxe a Leiria, Roger e Suzanne, um casal inglês com uma missão no mínimo invulgar: dar a volta ao mundo em cinco anos, cada um na sua moto BMW, onde carregam tudo o que é preciso para sobreviver. Incluindo acampar.

Escolheram um apartamento em Leiria porque ficava a caminho e porque estava a chover, uma condição atmosférica que os “autoriza” a abrir os cordões à bolsa de uma viagem que se pretende muito low cost. Cada um arrendou o seu apartamento em Inglaterra e é com esse orçamento que contam para fazer a viagem.

Também em duas rodas, mas de bicicleta, rolaram Nate e Julia, até Leiria. Vivem no Michigan, Estados Unidos, e vieram percorrer Portugal de Norte a Sul em bicicleta. Elegeram o Airbnb para reservar alojamento e estão encantados com o bom tempo, a simpatia das pessoas e os monumentos.

Em Leiria destacam a vivência junto ao rio e, como pedalaram desde Coimbra, é ali mesmo que encerram o dia com uma cerveja fresca. «Aparece gente de todo lado e por inúmeros motivos. Desde pais que têm os filhos em Erasmos, a amigos e familiares que vêm a casamentos, emigrantes do Norte de Portugal em França, polacos repetentes de uma primeira experiência na antiga Pousada da Juventude, um marroquino que vai abrir um restaurante em Leiria, um belga reformado que quer plantar açafrão na região, ingleses para uma corrida de BTT nos Marrazes, ucranianos para o Euro Winners Cup, o campeonato de futebol de praia na Nazaré.

Até um um casal da Nova Zelândia, na casa dos 70, que queria fazer Alcobaça/ Fátima a pé, mas desistiu antes. Acabámos por ir buscá-los de carro», conta Mónica António, co-fundadora da Second Option, uma empresa dedicada ao alojamento local, que tem já a seu cargo cerca de 30 casas na região. A casa que exploram no Reguengo do Fetal, por exemplo, atrai gente para fazer caminhadas. Depois, eventos como o Entremuralhas também trazem muita gente, e os que não trazem acabam por surpreender e agradar aos turistas que estão por cá.

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