Opinião

O pássaro

5 abr 2019 00:00

É que há um pássaro da família que partiu. Era o mano mais antigo, o último bigode Violante.

I have a Bird in spring/Which for myself doth sing —/The spring decoys./And as the summer nears /And as the Rose appears,/Robin is gone./Yet do I not repine/Knowing that Bird of mine/Though flown — /Learneth beyond the sea/Melody new for me/And will return. (…)
Emily Dickinson

Desculpem-me os 5/7 leitores desta crónica que não são da minha família, mas a de hoje é séria, sentimental, e pessoal. É que há um pássaro da família que partiu. Era o mano mais antigo, o último bigode Violante.

Não era um homem de importância pública de jornais, mas fez muitas coisas que serviram e servirão outros que não ele mesmo. Era um dos que deram fama à nossa voz, sempre alta, sempre a rir, às vezes insolente, porque nem toda a gente entende a felicidade que existe numa discussão feroz e entusiasmada.

Se conseguirem imaginar esta incongruência, foi talvez quem melhor nos ensinou a ter orgulho do nosso nome, mas com a humildade de sabermos que o nome é só um nome, e são as nossas acções que o enchem.

E ele deixou várias que perdurarão, que voltarão à nossa memória para nos lembrar a sua vida cheia de sentido.

Não há na família duas vozes que cantem ao mesmo tom, e eu e ele dissonámos tantas vezes!

Mas era tão bom, quando a mesa da véspera de Natal se enchia de discórdia, de gritos exasperados, de lágrimas apaixonadas.

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