Opinião

O mundo como vontade

20 ago 2016 00:00

O mundo é vontade, mas também predação.

Estamos aqui apenas para perseverar o nosso ser, isto é, viver, reproduzir e morrer. Mas difícil aceitar que estamos aqui apenas para isso. (Palavras e considerações curtas, parte 1 de 4 ).

Há uma tradição de determinismo, de fatalismo e de fatalidade. Quer dizer, de negação da liberdade, negação do livre arbítrio, que proponha ler aquilo que somos, a relação com os outros e o mundo, sobre o signo do determinismo puro. No fundo não temos escolha alguma. Nunca escolhemos nada, somos sempre escolhidos.

Tívessemos nós essa possibilidade, provavelmente muitos de nós escolheriamos outra coisa. Uma vida mais interessante, excitante, menos triste, menos sinistra. De facto, não escolhemos grande coisa. Podemos dizer que a vida pode ser doce mas para outros é dura. Uns têm uma boa estrela, outros não. Uns são prósperos, outros sofrem.

Todos sabemos que existem desigualdades, metafísicas e ontológicas. Porque é assim e porque obedecemos a um puro determinismo. «O mundo é vontade e representação» (Schopenhauer). Ver vontade aqui, não no sentido de poder escolher, como um copo de agua ou de vinho, e manifestar o essa escolha. Beber, ter sede, é um sentido que devemos entender como vontade.

A vontade é uma força, uma energia. Uma coisa em si. Que não precisa de ser para o ser. Tudo é vontade, diz Schopenhauer. Uma formiga é vontade, o planeta é vontade. Tudo o que é puro em si é vontade. Uma manifestação da pura vontade e ‘representação’, porque concebemos essa vontade, ela nasce porque a concebemos com um cérebro. Sem cérebro, não há vontade. Sem reprodução (dar vida), não há cérebro, logo não há vontade.

*Coreógrafo

Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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