Opinião

O Centro Hospitalar de Leiria e a Câmara Municipal

14 mar 2019 00:00

Nas últimas semanas, temos vindo a observar o percurso caótico que o Centro Hospitalar de Leiria (CHL) tem seguido, e que culminou, uma vez mais, com o pedido de demissão do presidente do conselho de administração, Helder Roque.

Nos termos constitucionais (Artigo 64.º), a saúde, em Portugal, é configurada como um bem público que salvaguarda duas propriedades: i) é indivisível; e ii) de não exclusão.

Isto é, por lei, o SNS deve ser universal, geral e garantir o acesso a todos os cidadãos.

Nas últimas semanas, temos vindo a observar o percurso caótico que o Centro Hospitalar de Leiria (CHL) tem seguido, e que culminou, uma vez mais, com o pedido de demissão do presidente do conselho de administração, Helder Roque.

Ao fim e ao cabo, a mensagem que Helder Roque quis transmitir ao governo e aos leirienses foi, omeletas sem ovos, eu faço-as. Mas não me tirem é a frigideira!

Para além do eterno problema das macas dos bombeiros que ficam retidas nas urgências, colocando em risco a actividade do INEM, do 112 e a vida dos sinistrados, o serviço de urgências do CHL entrou em congestionamento, sobretudo devido aos casos não-urgentes (cerca de 41% em 500 por dia).

Ou seja, uma das causas dos problemas do CHL é organizacional, violando assim a propriedade da indivisibilidade do bem público saúde.

Em bom rigor, o CHL padece de dois problemas estruturais. Um de natureza central (Lisboa) e outro de proveniência local (câmara municipal).

O CHL decorre da fusão dos hospitais de Leiria, Pombal e Alcobaça.

Em 2017, o CHL passou a acolher a população do concelho de Ourém (cerca de 43 mil habitantes).

Neste exacto momento, o CHL tem a obrigação de prestar cuidados de saúde a uma população total de 400 mil pessoas numa extensão territorial que vai de Alcobaça a Soure.

Do ponto de vista financeiro, em 2017, o CHL teve um prejuízo de 6,4 milhões de euros (em 2016 foi 2,2 milhões).

Em 2016, as prestações de serviços (em grande parte é a verba contratualizada com o governo) foi de 95 milhões de euros, e em 2017 foi de 92 milhões. Ou seja, no ano em que o CHL abrange mais utentes (Ourém), recebe menos apoios de Lisboa.

Aliás, do contrato programa entre o CHL e o governo, no valor de 85 milhões de euros em 2017, cerca de 90% é para pagamentos de salários e material clínico e farmacêutico.

Inequivocamente, o CHL padece de um desinvestimento público do governo. Mas esta não é a causa ú

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