Economia

Mais do que qualificações, empresas procuram atitudes diferenciadoras

4 ago 2018 00:00

Ser tecnicamente bom já não é suficiente e as chamadas soft skills são cada vez mais valorizadas

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Raquel de Sousa Silva

Num mercado cada vez mais competitivo, ser tecnicamente bom já não é suficiente na hora de responder a um anúncio de emprego. Quando recrutam, as empresas valorizam competências como a capacidade de comunicação, a proactividade, a capacidade de trabalhar em equipa e outras que integram o leque das chamadas sofkt skils.

São, no fundo, atitudes e comportamentos que fazem a diferença, explicam ao JORNAL DE LEIRIA as quatro profissionais da área do recrutamento ouvidas.

Esta questão tem assumido tal importância que foi mesmo instituído pela ONU, em 2014, o Dia Mundial das Competências dos Jovens, celebrado pela primeira vez a 15 de Julho do ano seguinte.

O objectivo desta data passa por alertar e ajudar a alcançar melhores condições sócio-económicas para os jovens, ao mesmo tempo que se colocam em destaque as competências que devem ter. E quais são? “Capacidade de comunicação, saber estar e saber ouvir” são algumas delas, segundo Cristina Ferreira.

A responsável da CF Consultores afirma que, hoje, a “principal dificuldade de muitos jovens são as relações interpessoais”. Por outro lado, nem sempre são proactivos. “Ficam na sua zona de conforto, fazendo apenas o que lhes é pedido”, exemplifica. Esta profissional alerta ainda para outro aspecto: muitos jovens não têm noção de que, regra geral, usar as redes sociais durante o horário de trabalho não é admissível.

“Actualmente já não é suficiente ser tecnicamente bom, até porque muitas vezes o que falha não diz respeito ao lado técnico. Começa a existir uma maior percepção de que as competências técnicas não garantem por si só uma boa adequação à função ou à cultura organizacional”, explica por sua vez Telma Sousa.

A coordenadora da Consenso diz que, “mais importante do que os conhecimentos específicos, as empresas começam a valorizar as chamadas soft skills”. “Falamos de comportamentos e atitudes (aptidões sociais e emocionais) que resultam da integração de diversas experiências pessoais, e não propriamente da aprendizagem formal”.

Por isso, “estas competências comportamentais são passíveis de serem transferidas para os diversos contextos de trabalho, independentemente da área técnica, o que traz uma elevada vantagem, e são muito preditivas de uma maior adequação à função e à cultura, maior produtividade e cooperação”.

Pensamento crítico, flexibilidade, atitude positiva (“capaz de gerar entusiasmo”), capacidade de comunicação, potencial para aprendizagem contínua, cooperação e proactividade são algumas das competências mais valorizadas. Sem esquecer a resiliência. “Esta é uma das qualidades mais apreciadas”, diz Telma Sousa.

Trata-se da “capacidade de manter o foco mesmo perante os obstáculos ou adversidades e conseguir encontrar uma estratégia para vencer, sem perder a motivação, utilizando a experiência para integrar em situações futuras, numa perspectiva de melhoria contínua”.

Para a coordenadora da Consenso, “é fundamental uma aposta cada vez mais assertiva no desenvolvimento destas competências transversais, com o devido reconhecimento da sua importância no sucesso pessoal e profissional, com ganhos efectivos no desempenho, qualidade do trabalho desenvolvido e compromisso”.

Telma Sousa entende ainda que essa aposta “não passará tanto pela formação formal, mas muito mais pelo auto-conhecimento, feedback construtivo por parte das chefias, com o reconhecimento do potencial de desenvolvimento”.

“Atitude. É isso que faz a diferença”, aponta igualmente Ana Paula Santos. A responsável pela APS Consultores frisa que o mais valorizado pelas empresas são as competências comportamentais, como a capacidade de ouvir e de aprender, inclusive com os erros. “Os jovens não devem ter medo de falhar. Só não erra quem não tenta. Mas uma coisa é falhar, outra é não aprender com os erros”.

Esta profissional diz ainda que “é importante que os jovens sejam humildes - não quer dizer que sejam subservientes -, no sentido de estarem disponíveis para aprender e para reconhecer que não sabem tudo”. Também Ana Paula Santos frisa a resiliência - “não podem desistir à primeira” - e a proactividade. “Não se devem inibir de fazer perguntas, de dar a sua opinião”. No entanto, devem “aguardar validação superior” antes de colocarem em prática as sua

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