Sociedade

Helena Vasconcelos: "Rir é o meu hobby favorito. O humor é um dos principais sinais de inteligência"

10 dez 2016 00:00

Livros, voluntariado, jornalismo, medicina e muito humor na Impressão Digital desta semana.

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Cinco anos de jornal reunidos em livro, a ser apresentado no sábado, dia 10, em Leiria. É o diário completo ou incompleto?
O incompleto. O completo ou o íntimo que escrevo de forma irregular, é um que escrevo só para mim, onde posso não ter defesas, ser ridícula e ser verdadeira. É uma espécie de autoanálise, como se fosse uma câmara oculta do meu coração. Não gostaria nunca que fosse público.

Costuma voltar aos textos que escreve?
Nunca! A maioria das vezes não os leio e raramente fico satisfeita com o que escrevo. Às vezes à distância de alguns meses ou anos pacifico-me com eles.

Nas crónicas fala muitas vezes de si e das suas rotinas, no projecto Atlas dá o seu tempo em prol de outros e da comunidade. Em que papel está mais à vontade?
Sou geneticamente solidária. Não é para mim um esforço. Gosto muito de gente. E sentir que posso ser a pequenina enzima que faz nos outros uma grande diferença é um prazer. Mais do que voluntária eu gosto de descobrir novos voluntários que na maioria das vezes são muito melhores do que eu. 

Vê-se como voluntária a tempo inteiro?
Um dia gostaria de poder trabalhar pro bono. Por enquanto gosto de me sentir nestes dois papeis.

Concorda que há um lado egoísta no voluntariado?
É o lado maior. O que recebemos é sempre muito superior ao que damos. Parece um cliché mas é completamente verdade. O que ganhamos em tranquilidade interior é melhor do qualquer ansiolítico.

Na associação trabalham muito com a terceira idade, mas já começou a preparar os seus anos dourados?
Aprendi nas acções de formação que faço no âmbito do voluntariado com idosos que tudo o que pretendemos fazer quando estivermos velhos temos de iniciar em novos. O meu sonho passa por viver os meus últimos anos a fazer voluntariado em África. Também gostaria de escolher o lar para onde gostaria de ir quando já for dependente. Há coisas que não devemos deixar nas mãos de outros a decisão.

O que é para si envelhecer bem?
É envelhecer com projectos, muitos projectos. Depois é assumir a serenidade que a idade trás. Esquecer o padrão escravizante da beleza jovem e sermos uns velhos catitas, cheios de luz. Cada idade traz um encanto diferente a nossa cabeça é que as valorizam ou desvalorizam.

Escreveu em tempos que numa próxima encarnação quer nascer homem. Porquê?
Afirmei e reitero. A vida dos homens é mais levezinha. A casa e a família caem sempre no nosso regaço e no trabalho lutamos ombro a ombro. Quero ser homem pois quero. Até gosto de imperiais e futebol.

Três filhos, três cães, um peixe, horários prolongados... Lá em casa reina a disciplina militar?
Agora os três filhos só vêm ao fim de semana, quando vêm, os cães são só dois e o peixe morreu. Mas quando tudo isso se verificava a coisa ia andando. Não sou perfeccionista nem rígida, mas a formação dos miúdos era a prioridade.  Sou multitarefas.

É verdade que gostava de ter sido jornalista?
Tenho uma admiração quase ingénua sobre a vossa profissão. Deslumbra-me esse poder de informar e gerar reflexão nos outros. 

A licenciatura em Comunicação Social, que juntou à de Medicina, significa que o sonho continua vivo?
Não, foi uma diversão e um gozo enorme. E depois como era a mais velha contribuí para a formação dos colegas. O que é um curso sem um velho desfasado?  

Imagina-se a apresentar o telejornal, a escrever em revistas cor-de-rosa ou a viajar pelo mundo para denunciar injustiças?
Imagino mas não quero que ninguém saiba.

É uma doente muito piegas?
Nada. Acho que nada me pega. Morro saudável. Sou do género que não ligo a doenças e tudo o que faço de rotina nada me angustia. Mas sei que provavelmente não irei escapar a um cancro ou a uma doença cardiovascular. Sou como toda a gente.

Rir é o melhor remédio?
Sempre. Rir é o meu hobby favorito. Detesto gente sem sentido de humor. O humor é um dos principais sinais de inteligência.

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