Economia

Há mais empresas a recrutar, mas faltam profissionais

2 nov 2017 00:00

Emprego. Crescimento está a levar mais empresas a contratar, mas nem sempre conseguem encontrar os profissionais necessários.

ha-mais-empresas-a-recrutar-mas-faltam-profissionais-7474
Raquel de Sousa Silva

Encarregado de construção civil, pedreiro, servente, técnico de qualidade, responsável de planeamento e controlo de produção, engenheiro electrónico, técnico de electricidade, operadores de CNC… Estas são algumas das ofertas de emprego que é possível encontrar em anúncios colocados nos últimos meses por empresas da região.

Mas nem sempre os lugares são preenchidos, porque escasseia pessoal com um mínimo de qualificações para os cargos a ocupar. “Tudo o que não seja trabalho de bata branca e computador à frente não é atractivo”, aponta José Sismeiro, gerente da Mesis Engenharia, empresa de construção civil que há uns meses colocou um anúncio para recrutar um encarregado, um pedreiro e um servente.

Áreas em que “não tem havido renovação” de profissionais, porque os jovens não se sentem atraídos por elas, refere o empresário. Numa altura em que Portugal ainda regista uma taxa de desemprego de 8,6% (estimativa do INE para Setembro), como se explica que as empresas não encontrem o que precisam?

“A construção civil não pode servir para escoar mão-de-obra sem as qualificações adequadas. É conotada como uma área não qualificada, mas não é assim. É preciso conhecimento e experiência para se poder trabalhar”, defende o responsável da empresa de Leiria, adiantando que a maioria das pessoas inscritas nos centros de emprego não têm esses atributos.

Como se resolverá a questão da falta de pessoal nestas áreas e noutras mais técnicas? “O mercado tenderá a elevar os salários dessas profissões, enquanto nas que estão mais saturadas será cada vez mais difícil encontrar trabalho”, entende José Sismeiro.

Nos últimos meses, a Böllinghaus, empresa produtora de artigos em aço, colocou anúncios para recrutar para cinco funções diferentes: responsável de planeamento, controlo de produção, técnico de qualidade, técnico de desenvolvimento de novos produtos e engenheiro de processo. “Existe uma maior dificuldade em contratar neste momento, porque tem havido um crescimento da actividade económica e, logo, mais empresas a recrutar”, aponta Bruno Pedro.

O director executivo da empresa de Vieira de Leiria adianta que em áreas como as da manutenção - eléctrica e electrónica - é ainda mais complicado. “Faltam profissionais”, até porque muitos dos que estavam no activo terão emigrado. Por outro lado, a capacidade que o País tem de formar pessoas nestas áreas “é inferior às necessidades”.

“Não existem cursos suficientes”, entende o gestor, que lembra que os equipamentos são cada vez mais avançados tecnologicamente, o que obriga a constantes actualizações dos profissionais.

Também Bruno Pedro entende que os desempregados inscritos nos centros de emprego raramente têm perfis ajustados àquilo que são as necessidades das empresas. “Os profissionais das áreas de manutenção não ficam desempregados”.

Por todas estas razões, quando a Böllinghaus precisa de recrutar leva algum tempo até conseguir preencher as vagas. “Como trabalhamos numa área muito específica, não é fácil encontrar pessoas com experiência”.

Para o gestor, o problema não se resolve com os imigrantes, mas antes com uma aposta na preparação dos jovens, na nossa região. “É preciso mostrar-lhes que há muitas áreas com potencial de emprego e formá-los cá, porque se forem para Lisboa ou para o Porto será difícil regressare

Este conteúdo é exclusivo para assinantes

Sabia que pode ser assinante do JORNAL DE LEIRIA por 5 cêntimos por dia?

Não perca a oportunidade de ter nas suas mãos e sem restrições o retrato diário do que se passa em Leiria. Junte-se a nós e dê o seu apoio ao jornalismo de referência do Jornal de Leiria. Torne-se nosso assinante.

Já é assinante? Inicie aqui
ASSINE JÁ