Saúde

Exposição a ruído excessivo mata

30 jan 2016 00:00

A Agência Europeia do Ambiente estima que cerca de 20 milhões de europeus sejam incomodados com o ruído ambiental e que, anualmente, existam cerca de 10 mil mortes prematuras e 42 mil hospitalizações.

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Maria Anabela Silva

Manuela Carvalho já sabe o que a espera amanhã à noite: mais uma sessão de karaoke no bar existente nas traseiras do seu prédio e, “quase de certeza”, com som acima do permitido. Se tiver “sorte”, conseguirá adormecer antes da sessão estar no auge e, provavelmente, terá uma “razoável” noite de sono.

É assim há quase oito anos, três a quatro noites por semana. Já foi solicitada uma mediação acústica, que demonstrou que o som ultrapassa os limites legais, mas a situação arrasta-se sem que “as entidades façam cumprir” a legislação. Enquanto isso, Manuela e os vizinhos vivem um verdadeiro calvário. “É horrível querer descansar e estar a ouvir música a entrar-me pela casa dentro. Há dias em que ficamos fora de nós”, confessa a moradora, que já teve de recorrer a medicação para conseguir dormir.

O drama de Manuela não é, certamente, caso único. Muitos serão aqueles que se revêem na sua história, mas muitos mais serão aqueles que vivem diariamente expostos ao ruído, que vêem a sua vida e a sua saúde afectada por essa exposição e que até não se aperceberão, no imediato, desses efeitos.

A Agência Europeia do Ambiente estima que cerca de 20 milhões de europeus sejam incomodados com o ruído ambiental e que, anualmente, existam cerca de 10 mil mortes prematuras e 42 mil hospitalizações na sequência de problemas de saúde, como a hipertensão e doenças cardiovasculares, provocados pela exposição a ruído excessivo.

Segundo dados da Direcção-Geral do Ambiente, mais de 60% da população portuguesa vive com níveis de ruído acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). E um estudo divulgado no final do ano passado, feito em 11 países pela empresa Amplifon, concluía que quase um terço da população está exposta a níveis excessivos de ruído, colocando Portugal como o terceiro com maior índice de exposição ao ruído, atrás de Itália e dos EUA.

O trânsito aparece como a principal fonte de ruído, seguida das conversas entre as pessoas, da música de fundo e dos transportes colectivos.

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