Economia

Empresas familiares: fundadores devem abrir caminho aos sucessores

27 jan 2018 00:00

Os fundadores das empresas familiares têm de adaptar-se para abrir caminho à geração seguinte, que pode querer implementar mudanças nos negócios. Poucos o reconhecem, aponta um estudo recentemente apresentado

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Raquel de Sousa Silva

Os fundadores das empresas familiares têm de saber mudar e adaptar-se para abrir caminho a eventuais alterações no negócio por parte da segunda geração, que deve poder “seguir a sua paixão”, conclui um estudo da PricewaterhouseCoopers apresentado na semana passada.

Intitulado A importância das empresas familiares na economia. A mesma paixão, diferentes caminhos, o trabalho foi realizado pela PwC em 21 países, incluindo Portugal, e explora os diferentes caminhos que os membros das gerações mais novas estão a seguir na busca pela sua paixão e na construção de carreiras de sucesso, dentro e fora das empresas familiares, refere o Diário de Notícias.

Sustentando que “o actual cenário, em constante mudança, está a criar tantas oportunidades de sucesso como desafios” à gestão das empresas familiares (aquelas em que uma família detém o controlo, em termos de gestão, e em que alguns dos seus membros participam e trabalham), a PwC nota que muitas destas empresas “dispõem de programas sofisticados de formação e experiência profissional para os seus membros da próxima geração”, mas frisa serem “poucas as que reconhecem que o desenvolvimento desta geração tem de ser acompanhado por uma mudança e uma adaptação em paralelo pela empresa”.

Ou seja, a geração que está actualmente a gerir as empresas familiares “tem de mudar e se adaptar, quer para criar possibilidades de mudança no negócio quer para a próxima geração ter a liberdade de escolher o caminho que melhor se adequa ao seu futuro”, aponta o estudo, que frisa igualmente que ambas as gerações “têm de chegar a um entendimento sobre o que significa o sucesso, do ponto de vista do negócio e da família”.

“Tem havido mudança, mas continua a haver da parte das gerações fundadoras alguma relutância em aceitar novas ideias dos filhos, por entenderem que algo pode falhar. Os jovens são mais propensos a arriscar, a novas formas de produzir, à automatização, o que é difícil de aceitar pelos empresários de 60 anos ou mais”, disse ao JORNAL DE LEIRIA Inês Lisboa.

A investigadora do Observatório das Empresas Familiares, integrado no globADVANTAGE – Center of Research on International Business & Strategy, do Instituto Politécnico de Leiria adianta que há já fundadores que “se colocam em plano secundário para os filhos decidirem, mas não são a maioria”.

“Tem a ver com cultura, com o facto de o fundador ter criado o negócio de raiz, e de achar que afastar-se pode significar que já não tem valor”. Por outro lado, nota Inês Lisboa, muitos dos fundadores “dedicaram tanto tempo à empresa, durante tantos anos, que quando chega a hora de se afastarem não têm outros interesses, nem hobbies, o que também torna difícil desligarem-se do negócio”.

Na maioria das empresas a sucessão faz-se com a entrada dos filhos, que até “tomam algumas decisões, mas os pais normalmente também estão e têm as suas opiniões. E os filhos têm dificuldade em contrariar os pais”, aponta a investigadora. Dos estudos que fez, concluiu que “enquanto os pais estão na empresa, os filhos não têm poder de decisão sozinhos. Isso só acontece depois de muitos anos de experiência”.

Criada há 24 anos por Jaime Grosso, a Gosimat, especializada no fabrico e comercialização de caixilhos, portas em madeira e sistemas para portas de correr, entre outros produtos para construção e decoração, é uma das muitas empresas familiares que compõem o tecido empresarial do distrito de Leiria. Neste momento, os dois filhos já integram a empresa: Jaime Filipe entrou há 12 anos, Diogo h&aacut

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