Opinião

Eça e as eleições

3 out 2019 00:00

Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos.Já não se crê na honestidade dos homens públicos.

Meu Caro Zé, “Aproxima-te um pouco de nós, e vê? O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os carateres corrompidos.

A prática da vida tem por uma única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos.Já não se crê na honestidade dos homens públicos.

A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria.

Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso.”

Calma, Zé! Isto não são palavras minhas, mas de Eça de Queiroz há quase 150 anos, em Uma Campanha Alegre. E pelo que vejo, ouço, e leio, tive receio que pensasses que eu estava a descrever o que se passa hoje em Portugal, achando que eu estava a exagerar.

Concordo! É óbvio que é exagero e nem tudo é assim. Mas, já agora, deixa-me respigar só duas frases: “A prática da vida tem por única direção a conveniência” e “Já não se crê na honestidade dos homens públicos”.

Porquê? Porque elas permitem uma reflexão séria sobre o votar em Portugal hoje, em que, para o comum das pessoas, a “política” (porque não há política sem aspas) está desacreditada. E não pode estar! E, para isso, o primeiro passo está em alterar a prática da vida, isto é, não viver nem estar por conveniência!

É que “estar por conveniência” dá razão a Eça de Queiroz quando refere falta de solidariedade, princípios abalados, falta de consciência moral.

E pergunto-te a ti, a mim, e a todos: se cada um de nós vota por conveniência, que legitimidade, que autoridade moral temos para exigir honestidade e sentido de serviço aos nossos políticos? Não são eles uma emanaç&at

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