Sociedade

Do rural à multiculturalidade, Escola de Marrazes está de parabéns

26 fev 2016 00:00

A Escola Básica de Marrazes comemora este anos quatro décadas desde que abriu portas. Começou por acolher os alunos da zona Norte de Leiria, assumindo-se um espaço de multiculturalidade.

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A fama da Escola Básica n.º 2 de Marrazes, em Leiria, não abona muito a seu favor, embora boa parte seja fruto de preconceitos e muito não seja como se diz.

Existem problemas, como em muitas outras escolas, mas aqui também há muitas coisas boas. Talvez não saiba que no ano lectivo passado não houve qualquer retenção de alunos do 9.º ano. E também talvez seja desconhecido de muitos que esta é uma escola que está nos primeiros lugares do ranking no distrito.

Por exemplo, a Português, Marrazes ficou no terceiro lugar atrás dos dois colégios de Leiria. O director José Violante prefere desvalorizar os números dos rankings, para o bem e para o mal, porque entende que “valem o que valem” e não demonstram todo o trabalho que é desenvolvido pelas escolas.

“À partida desvalorizo os rankings, porque são apenas uma parte da avaliação, mas os nossos 9.º anos têm obtido muito bons resultados. No ano passado não “chumbou” ninguém no 9.º ano. É uma escola com um papel difícil, é verdade, mas nos últimos anos os resultados da avaliação externa são muito bons”, salienta.

José Violante garante que Marrazes – agora agrupamento – está muito longe da violência que se vive noutros estabelecimentos de ensino do País. “Temos um foco de casos mais problemáticos, mas que são, sobretudo, de desinteresse total pela escola. Não há casos de violência e roubos graves. Há faltas às aulas e alunos que fazem tudo para serem expulsos das salas”, explica.

Apesar dos problemas que tem de gerir diariamente, José Violante, um dos professores mais antigos da escola, salienta que os “bons resultados” escolares são também o reflexo do trabalho dos Serviços de Psicologia e Orientação e dos directores de turma, “que orientam os alunos com aproveitamento mais baixo” para o ensino vocacional ou para os Percursos Curriculares Alternativos.

“São currículos diferentes, mais práticos e mais ajustados às suas características, o que torna mais fácil atingir sucesso.”

A Escola Preparatória dos Marrazes abriu portas em Janeiro de 1976. Um atraso nas obras fez com que os alunos perdessem o primeiro período. Mesmo quando foi inaugurada a escola ainda não estava concluída.

“Abriram os blocos A e B, decorrendo as obras nos restantes. Foi um ano perdido para os alunos”, recorda Ana Cristina Violante, uma das primeiras alunas. “Estivemos o primeiro período sem aulas e quando fomos para os Marrazes não tivemos os professores todos. Recordo-me de passar mais tempo a brincar do que nas aulas.”

“O chão ainda era de terra batida. Puseram umas tábuas para passarmos entre os blocos. As funcionárias tiveram muito trabalho, sobretudo quando chovia, pois ficava tudo cheio de lama e tinham de andar sempre a limpar”, lembra.

Esta aluna fez o 6.º ano na escola e recorda o professor de Matemática que a marcou para o resto da vida. “O professor Maio, já falecido, era farmacêutico. Talvez por causa dele eu hoje seja também farmacêutica. Estive pouco tempo com ele, mas foi marcante.” A escola surge logo após o 25 de Abril.

“Há um boom da chegada de alunos ao ensino preparatório. Era uma escola semi-urbana e semi-rural. Lembro- me de ir a pé ou de bicicleta para a escola. Até acho que a equipa feminina da Sismaria se formou com as meninas que vinham da escola dos Marrazes. Como não tínhamos aulas íamos jogar andebol para um campo em frente ao clube, imitando os seniores.”

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