Opinião

Competência

1 dez 2016 00:00

Ser-se professor não é fácil. É uma profissão exigente, que obriga a dominar cientificamente as matérias que se leccionam, a possuir sólidos conhecimentos pedagógicos e a ter competências ao nível da interacção pessoal, nomeadamente inteligên

Além de tudo isso, é muito importante gostar-se do que se faz e ter-se algum (talvez muito) espírito de missão.

São, de facto, bastantes variáveis a cruzar para se ser bom numa das mais importantes profissões em qualquer sociedade, ou não tivessem os professores a responsabilidade de transmitir conhecimentos, valores, competências e gosto por aprender às gerações que serão o futuro. 

Há, como em todas as profissões, quem o faça muito bem e também os que nada acrescentam. Há os bons e os maus profissionais, e ainda os assim-assim. Os que se esforçam mas não têm jeito, os que não querem saber e se vão arrastando sem brio profissional, e ainda os que, claramente, nasceram para fazer outra coisa.

É assim em todas as actividades. No sector privado, os melhores são normalmente recompensados com remunerações de maior monta e mais procurados por clientes e empregadores, raramente lhes faltando trabalho.

Os mais fracos raramente passam da “cepa torta” ou vão fazendo número nos centros de emprego. Já no sector público, onde a meritocracia poucas vezes é chamada a separar o trigo do joio, ser-se bom ou ser-se mau pouco importa na progressão na carreira ou no que se aufere ao final do mês, restando a paz com a consciência e o reconhecimento dos utentes para “remunerar” o fazer bem. 

Será esse tipo de pagamento que sentem os professores referidos como tendo influenciado os percursos de dois jovens bem sucedidos académica e profissionalmente, que dão os seus testemunhos nesta edição do JORNAL DE LEIRIA sobre como pode determinado professor marcar uma vida.

O retorno pelo que fizeram será enorme ao lerem essas declarações, percebendo que conseguiram fazer algo de positivo pelos seus alunos, certamente o que mais os move no dia-a-dia profissional.

No pólo oposto, estão testemunhos de alunos e encarregados de educação a explicar como os professores podem também ser obstáculos nos percursos escolares e nas opções futuras, sejam académicas sejam profissionais.

Uns por falta de competência, outros por manifesta negligência. Ou seja, os percursos escolares dos alunos fazem-se também de sorte e de azar, dependendo, entre muitos outros factores, da qualidade dos professores que o acaso lhes coloca à frente.

Obviamente que isso é verdade no ensino, como o será na Saúde, na Justiça e em muitas outras áreas, onde a acção de um mau profissional pode ter consequências nefastas nas vidas de outras pessoas, pelo que é urgente que os governantes criem mecanismos no sector público para afastar os que não têm condições para exercerem a sua profissão.