Opinião

calhei-te

31 mai 2017 00:00

espelho-te muitas vezes, nunca por querer;

aparentemente estou em autogestão a culpar-te pela minha falta de tempo quando na verdade sou eu que me desvio da vocação, do propósito e da minha razão para me existires com tanta certeza; é engraçado fazer ideias de que me és futuro, a minha reforma emocional, a minha espreguiçadeira embrulhada em natal dum ano qualquer que nunca é este porque este é sempre muito agora e agora nunca dá jeito;

é engraçado no sentido em que coiso;

adio-te

não sei se há maior violência do que eternamente dizer que já vou;

posso pedir desculpa, e às vezes, porque sou católico de nascença, peço;

como estás sempre ali tão à mão nunca penso que vais morrer ou desleixar o plano, adio-te e, quando isso se faz, cumpro-me na perpetuação dum karma mofado;

só que só vou saber disso quando tiver tempo para saber que não tenho nada para te dizer porque nunca tive mas não tive férias suficientes para cristalizar essa noção;

*Músico

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