Opinião

Bom Ano!

19 jan 2017 00:00

E há ainda os que reagem de forma agastada e dura, com um não acredito peremptório de quem sabe perfeitamente que “eles”, sejam eles quais forem, irão tudo fazer para impedir que os dias possam decorrer conforme se desejem.

Expressar votos de Bom Ano que não seja às pessoas mais próximas e cúmplices com quem partilhamos a vida, ou a desconhecidos que retribuirão o acto de cortesia de forma idêntica, pode tornar-se uma experiência traumática.

Da parte de alguns, a retribuição do voto chega em tom desenganado, acompanhado do pesaroso e meditabundo arquear de sobrancelhas de quem nos inveja a credulidade e nos olha como se fôssemos crianças a quem um adulto não deva desfazer as ilusões. Outros respondem, de forma segura mas seca como uma ordem ou uma ameaça, que melhor que o anterior terá que ser com certeza porque pior seria impossível; e olham a linha do horizonte com ar de quem passou por muito mais do que possamos imaginar, esperando que a pose desperte a curiosidade e permita a oportunidade de apresentar uma lista de acontecimentos nefastos imbatível.

Há também os que atiram com um oxalá gemido, resignado e suspirado a lembrar um S. Sebastião cravado de flechas, como se cada dia do ano fosse lá posto exclusivamente para conter uma provação destinada a elevá-los a resistentes da vida.

E há ainda os que reagem de forma agastada e dura, com um não acredito peremptório de quem sabe perfeitamente que “eles”, sejam eles quais forem, irão tudo fazer para impedir que os dias possam decorrer conforme se desejem. Não entendo como se pode tratar assim uma possibilidade. Porque uma possibilidade é uma coisa em aberto, a ser preenchida com quantidades variáveis de nós, dos outros, e das circunstâncias, sendo que nós seremos sempre o ingrediente principal.

*Professora de dança

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