Opinião

Barreiras Duarte na novela autárquica do PSD

6 out 2016 00:00

Nos novos episódios, Feliciano Barreiras Duarte ameaça ser um dos actores principais, disputando com Álvaro Madureira o lugar de candidato que o presidente da concelhia já anda a preparar há vários meses.

Acerca de um ano das eleições autárquicas, as movimentações nos bastidores da política começam a tornar-se mais visíveis, percebendo-se que vêm aí tempos de árduas lutas. As maiores, como habitualmente, serão dentro dos próprios partidos, como a que se prevê no PSD de Leiria, onde a novela das autárquicas é já antiga.

Nos novos episódios, Feliciano Barreiras Duarte ameaça ser um dos actores principais, disputando com Álvaro Madureira o lugar de candidato que o presidente da concelhia já anda a preparar há vários meses. Para os mais distraídos isso surgiu como uma hipótese pela voz do oráculo da nação, o sempre bem informado Marques Mendes.

No entanto, já há algum tempo que se percebia que Barreiras Duarte tinha voltado a incluir Leiria no seu roteiro, desviando-se com frequência da sua rota habitual entre o Bombarral e a capital, onde tem assento na Assembleia da República. Qualquer uma destas soluções, a confirmarem-se, mostram bem a fragilidade do PSD de Leiria, outrora um dos principais bastiões dos sociais-democratas.

De um lado, Álvaro Madureira, um político cinzento de quem não se conhece uma ideia estruturante para o concelho e que obteve a pior votação de sempre do PSD em Leiria, com 27,8%. Do outro, um político com carreira feita do Bombarral para Sul, sem qualquer relação com Leiria e sem uma imagem forte neste concelho, como tem, por exemplo, Telmo Faria. Ou seja, o PSD arrisca-se a ver a novela continuar, mas agora com actores de menor peso que em episódios anteriores, nomeadamente quando Damasceno e José António Silva esgrimiram argumentos.

No entanto, a não ser que algum coelho surja inesperadamente da cartola laranja, não se percebe que o PSD tenha grandes soluções para apresentar como alternativa na capital do distrito, até porque não será fácil convencer um nome forte a ser candidato numas eleições onde a vitória não é mais que uma miragem.

Raul Castro recuperou as finanças da Câmara e, juntamente com a sua equipa, tem conseguido promover acções com grande visibilidade e impacto popular. Acabará mais este mandato com muitos problemas por resolver e promessas por cumprir, mas deixa também obras marcantes e mais coisas a acontecer.

Ou seja, só algo extraordinário impedirá Castro de cumprir um terceiro mandato, até porque, como é sabido, tem um certo PSD do seu lado, o mesmo que lhe permitiu destronar Damasceno. Um PSD que não morrerá de amores pelas candidaturas de Álvaro Madureira ou de Feliciano Barreiras Duarte e que não poupará aplausos à queda destes parceiros de partido.

Leiria continuará sob domínio rosa, e de um certo laranja, pela mão de Raul Castro, restando ao PSD decidir se quer apresentar um candidato para preparar o futuro ou se empurrará para uma luta perdida alguém de quem já não espera muito.