Opinião

Trapos e trapinhos

21 jul 2016 00:00

O que também já cheguei à conclusão, noutro estudo bastante aprofundado que fiz com os meus dois filhos e mais 3 ou 4 filhos de amigos, que só nós é que reparamos no que está escrito nas t-shirts dos nossos filhos.

Os meus filhos têm a sorte (e nós também…) de serem os “primos mais novos”. Assim, para além de terem herdado toda uma panóplia de utensílios de puericultura, nomeadamente ovinhos, carrinhos, banheirinhas, intercomunicadorzinhos, cadeirinhas e outras coisas assim que de diminutivo só têm o nome e que tudo somado, em novo, dá uma quantidade de euros nada diminuta, herdaram também muita roupa. Felizmente, graças às tias atentas e ao facto de a roupa de criança só ser usada em média duas vezes antes de eles crescerem e a roupa deixar de servir (dados estatísticos avançados por mim, sem qualquer rigor científico, e com base numa amostra que se resume aos meus dois filhos e assenta no ciclo de lavagem de roupa lá de casa, que demora aproximadamente uma eternidade) têm roupa e calçado suficiente para as necessidades básicas, para mais umas peças de roupa estrategicamente deixadas em casa das avós e ainda para, lá está, terem peças extra suficientes enquanto as outras vão para lavar.

Estamos a falar de roupa boa, bonita e com mais qualidade do que aquela que se fosse eu iria comprar. Algumas coisas de marca, imaginem só! Isto dá-nos um sem número de vantagens, sendo a principal os miúdos não andarem nus… ah, e a economia de uma soma considerável de dinheiro. Mas dá-nos também a liberdade para não ter de comprar nada que não seja mesmo muito, muito, muito giro. Não compramos t-shirts porque eles precisam. Não precisam: ele tem a gaveta a transbordar, e ela pior ainda, porque herdou quase todas as do irmão e mais as das primas meninas. Compramos uma t-shirt porque de facto gostámos muito dela. Ou da mensagem que tem escrita. O que também já cheguei à conclusão, noutro estudo bastante aprofundado que fiz com os meus dois filhos e mais 3 ou 4 filhos de amigos, que só nós é que reparamos no que está escrito nas t-shirts dos nossos filhos. Os outros adultos não reparam e as crianças da idade deles não sabem ler… Com a menina confesso que a tentação é maior. Quando vamos a uma loja de roupa há uma parede de roupa de menino e três com roupa de menina. A oferta é muito maior e as saias, os vestidos, as fitas, os laços, é tudo feito para os progenitores investirem forte. Mas depois ela acaba por só se vestir assim quando há uma ocasião especial. No dia-a-dia anda quase sempre com a roupa confortável e azul que era do irmão. As lojas de roupa de criança e puericultura que me desculpem, mas connosco não conseguem sobreviver. E todos os dias me sinto grata por isso.