Opinião

Para onde vamos?

4 jul 2025 10:25

As posições que Netanyahu vem tomando sucessivamente, criam em mim a ideia de um total desrespeito pelas vidas dos outros, mesmo dos seus concidadãos

Meu Caro Zé 
Nem sei por onde começar. Que mundo é este onde as pessoas se vergam completamente aos poderosos e, sobretudo, àqueles que não têm qualquer princípio ético? Como é possível que Netanyahu continue à frente de um governo que se diz democrático, fazendo matar, indiscriminadamente, inocentes?

É certo que não esqueço a matança e o rapto de 7 de outubro, nem posso deixar de admitir a hipótese de que o Hamas se esconde por detrás desses inocentes por não ter, eventualmente, qualquer respeito pela vida. Mas as posições que Netanyahu vem tomando sucessivamente, criam em mim a ideia de um total desrespeito pelas vidas dos outros, mesmo dos seus concidadãos, desde que esteja em causa a sua sobrevivência, face às incriminações de que é alvo.

A gota de água é a comparação que ele fez na sequência dos bombardeamentos do Irão, ao que considerou ser o necessário sofrimento dos israelitas, referindo como sofrimento o adiamento do casamento do seu filho a par do sofrimento dos seus concidadãos pela morte de dezenas deles. Se é esta a consideração que lhe merece a vida dos seus concidadãos, então eu tenho legitimidade para me interrogar sobre a origem do 7 de outubro.

Não pode deixar de fazer confusão que, conhecendo a capacidade e a eficiência dos serviços secretos israelitas, que são capazes de conduzir, cirurgicamente, a eliminação de altos responsáveis do Hamas e iranianos, incluindo a destruição da entrada de uma prisão iraniana para potencial fuga dos prisioneiros não afetos ao regime, possa não ter detetado um ataque do calibre do de 7 de outubro. E se o detetou e se o comunicou, como é que nada foi feito? Estão em causa mais de um milhão de israelitas mortos e mais de duzentos feitos reféns, que “justificaram” a barbaridade desse dia com barbaridade continuada desde então. Como e porquê?

Se o valor da vida dos seus concidadãos é igual à medida do adiamento do casamento do filho, não há razão para que nos interroguemos? Onde estão as verdadeiras conclusões do que se passou? Os resultados apresentados referem sempre falhas do exército israelita. E os serviços de informação israelitas não terão nada a ver com isto?

Temos o direito a ficar calados com os “cozinhados” deste senhor com o Sr. Trump? E este manda no mundo? Na Europa parece que sim! 5% na Defesa? Qual o fundamento que, estruturadamente, defende esse número? Ele quer e os outros seguem como se fossem vassalos? “Requiem” pela Europa? Não quero crer! 
Até sempre 

Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990